Um seminário iniciado nesta quarta-feira (16) e que se estenderá até a próxima sexta-feira na Escola Municipal de Porto Alegre (Epa) "celebra" uma data um tanto infeliz para a instituição. A série de atividades — com rodas de conversa envolvendo estudantes, professores e profissionais de outras áreas — marca quatro anos do pedido de fechamento da Epa, medida que revoltou a comunidade escolar.
Dos 120 alunos do colégio da Capital dedicado ao ensino de jovens e adultos, aproximadamente 80% são moradores de rua.
— Aqui, consegui deslanchar. Não tive a chance de estudar na juventude — conta o aluno César Augusto da Silva, 40 anos.
A ideia da Secretaria Municipal de Educação é utilizar o espaço para a Educação Infantil. Em nota, a pasta diz que há uma demanda de 439 vagas não atendidas na rede. A prefeitura ainda afirma que a Epa se tornou a escola de Ensino Fundamental regular com maior custo por aluno, cuja frequência às aulas é considerada baixa. O argumento é rebatido pelo diretor Renato Faria dos Santos:
— A presença deles é baixa por conta dos serviços temporários que conseguem. Geralmente, precisam ficar fora de dois a três dias.
Além das aulas regulares, a Epa oferece informática, oficinas de cerâmica, fotografia e poesia. Também conta com serviços como banho gratuito e acompanhamento psicológico aos estudantes.
O fechamento da instituição ainda não ocorreu graças a uma liminar da Justiça, pedida pelo conselho escolar com apoio da Defensoria Pública.