Pelo menos 23 moradores de rua tiveram seus pertences recolhidos na manhã desta quarta-feira (5), em uma ação da prefeitura de Porto Alegre ligada ao Plano Municipal de Enfrentamento à Situação de Rua. Os sem-teto estavam vivendo nas praças Brigadeiro Sampaio e Júlio Mesquita — próximas à orla do Guaíba — e na Avenida Goethe.
Acompanhada pela Brigada Militar, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma ter constatado "risco de vida" nos locais devido a instalações elétricas de má qualidade com risco para incêndio. Dois caminhões foram utilizados para remover os entulhos e os objetos pessoais, que foram encaminhados a um depósito do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
Conforme o secretário da pasta, Erno Harzheim, os moradores estavam sendo sondados há dois meses para saírem das ruas e viverem em albergues e também para se cadastrarem em programas sociais da Capital. Como não demonstraram interesse, eles tiveram seus objetos retirados.
A ação ocorre pouco menos de uma semana após a assinatura do contrato entre o poder público e o Uber para a adoção dos parques do trecho 1 da orla do Guaíba. De acordo com Harzheim, a remoção não tem relação com a concessão do espaço à iniciativa privada.
— Isso faz parte do projeto da prefeitura, que prevê também a revitalização dos espaços públicos. Buscamos, com a ação de hoje, reintegrar as praças para a população. A cidade é das pessoas, é de todos. — diz o secretário sobre a remoção dos pertences dos sem-teto.
Três das 23 pessoas em situação de rua procuraram ajuda da Escola Porto Alegre, no centro da Capital, que atende moradores de rua da cidade. De acordo com a vice-diretora, Jacqueline Junker, o colégio se ofereceu para guardar roupas, documentos pessoais e cachorros:
— Eles vão tentar dormir em um albergue hoje. Estão desolados. As casas improvisadas são uma forma de manter uma dignidade, mesmo que mínima.