
O grupo de investimento que assumiu a concessão do Cais Mauá, no centro de Porto Alegre, prometeu, nesta quinta-feira (1º) entregar a primeira etapa das obras de revitalização até o fim de 2019. Esta fase custará cerca de R$ 140 milhões e inclui a recuperação dos 11 armazéns centrais e o pórtico.
A previsão foi feita após um ato de assinatura do termo de autorização para início de obras por parte do governo do Estado, realizado no próprio cais. Segundo o consultor Vicente Criscio, representante do consórcio Cais Mauá, o grupo já angariou os recursos para garantir a execução desse trecho — um investimento de até R$ 100 milhões.
As outras duas etapas da obra, envolvendo o trecho próximo ao Gasômetro de um lado e das docas do porto, do outro, ainda dependem de autorizações de órgãos públicos para serem executadas.
No total, o projeto prevê a revitalização de 3,2 quilômetros do cais, com restauro histórico, revitalização de praças, construção de edifícios comerciais verticais e horizontais e praça de alimentação. O investimento total é de R$ 500 milhões, e a concessão da área é de 25 anos.
Marchezan e Sartori criticam oposição à obra
Segundo Criscio, não há mais impedimentos à primeira etapa da obra, que deve começar na próxima segunda-feira e estar a pleno, nos armazéns, dentro de três meses. As outras duas etapas da revitalização, entretanto, ainda não contam com todas as licenças necessárias.
— A licença saiu no final do ano (de 2017). Vamos iniciar as obras com a parte de meio ambiente e infraestrutura. Em três meses a gente deve estar a pleno vapor. Em termos do passado, imagino que os percalços tiveram razões dentro dos órgãos específicos. Naturalmente, se não tivemos as autorizações devidas no tempo certo é porque não foram dadas pelos órgãos competentes — afirmou.
Já o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB), criticou a lentidão da máquina pública, mas também usou seu discurso para atacar os grupos de ativistas que criticam o modelo de revitalização do cais.
— Existe um pequeno grupo ideológico dentro e fora da máquina pública que trava nossa cidade e nosso Estado há décadas. A máquina é emperrada e atrasada – afirmou.
O governador José Ivo Sartori também destacou o que chama de “obstaculizações”, mas não definiu a origem dos entraves.
— Pena que não tenha acontecido antes. Se tivessem colaborado mais, com mais tempo, se não tivessem tido tantas obstaculizações, e provavelmente ainda vão existir outras... Nós esperamos que possamos vencer a todas elas e dar a dignidade que precisa ser dada em uma ação que é necessária para a história de Porto Alegre — afirmou o governador.
A última licença para a o início da obra foi concedida em dezembro e as obras, agora, autorizadas. Questionado após o ato, Sartori rejeitou um eventual caráter eleitoral do ato desta quinta-feira.
— Essa obra está começando agora porque o licenciamento ambiental saiu em dezembro do ano passado e agora nós concluímos todo o processo da coisa. Agora se for pelo problema eleitoral, vamos deixar mais trinta anos parado e, aí, seria melhor, né? — ironizou.