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A construção de um novo Cais Mauá, em Porto Alegre, vai começar pela demolição. Os primeiros passos para transformar a zona portuária em ponto de cultura, lazer e comércio, após a entrega, nesta terça-feira (5), da licença definitiva para o começo das obras será a destruição de estruturas não tombadas pelo patrimônio histórico.
Em seguida, terá início o trabalho de recuperação dos 11 armazéns e a implantação das novas 10 praças previstas – em um investimento de até R$ 100 milhões previsto para a primeira fase do projeto.
A concessão da licença de instalação do empreendimento por parte da prefeitura, formalizada em um evento organizado no pórtico central do cais, permite que a revitalização ganhe forma em março do ano que vem, de acordo com as previsões da empresa Cais Mauá Brasil. O diretor de Operações do empreendimento, Sérgio Lima, revela que a etapa inicial deverá contemplar a demolição do Armazém A7, localizado mais próximo do Gasômetro e que não é considerado patrimônio histórico. Nessa fase também serão desmontadas estruturas anexas aos armazéns.
A reforma dos pavilhões tombados deverá se iniciar pela remoção dos telhados, em sua maioria bastante danificados pela falta de manutenção nos últimos anos, e substituição por materiais novos – respeitando os critérios de preservação do patrimônio histórico. As empresas responsáveis por todo esse trabalho deverão ser contratadas nas próximas semanas e, conforme promessa da Cais Mauá Brasil, serão preferencialmente gaúchas.
— Com o nível de expertise que se tem aqui no Estado, isso não deverá ser um problema. Esperamos gerar 5 mil empregos diretos e indiretos na primeira etapa da revitalização do cais — revelou Lima.
A licença entregue pelo prefeito Nelson Marchezan e pelo secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Maurício Fernandes, permite obras na área dos armazéns. A expectativa é de que eles estejam prontos em até dois anos. Novas autorizações devem ser concedidas para as duas fases seguintes da iniciativa: a construção de três torres na zona das docas (perto da Rodoviária) e de um centro comercial próximo ao Gasômetro. Todo o complexo de 3,2 quilômetros deverá custar entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões e ficar pronto em seis anos.
O maior impulso que a iniciativa já recebeu desde que se começou a pensar em um novo uso para o cais, há 29 anos, é a licença para o início da reforma. Por isso, um grande número de políticos, incluindo o prefeito Nelson Marchezan, o governador José Ivo Sartori, secretários estaduais e municipais, deputados e vereadores prestigiou o ato desta terça.
— Isso se chama colocar o interesse público acima da ideologia — discursou Marchezan, destacando a importância de investimentos privados na cidade.
Só a primeira fase da reforma deve custar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões, sem recursos públicos. O diretor da administradora do fundo de investimentos no cais, Luiz Eduardo de Abreu, garantiu que todo o dinheiro necessário para essa etapa já está garantido.
— Para as etapas seguintes, seguiremos captando investidores — disse Abreu.
Marchezan aproveitou a cerimônia para soltar farpas contra desafetos políticos e críticos do projeto. Fez questão de elogiar os "vereadores corajosos" que apoiaram a iniciativa no passado _ em junho, o prefeito entrou em atrito com a Câmara ao criticar a "falta de coragem" de vereadores que não permitiram à prefeitura reduzir reajustes salariais ao funcionalismo.
— A história não fala dos covardes — declarou.
Em relação a organizações sociais que criticam a implantação de torres, centro comercial e estacionamento na zona portuária, afirmou:
— Alguns poucos e barulhentos não queriam entregar o cais à população.
A presidente da Cais Mauá Brasil, Julia Costa, garante que os responsáveis pela iniciativa estão "empenhados em um trabalho meticuloso para identificar os materiais mais corretos para preservar a história" dos armazéns, e incluíram melhorias no projeto solicitadas por representantes da população.
— Incluímos áreas para skate, bicicletas e chimarródromo — conta Julia.
A presidente da empresa garantiu estar ciente da expectativa que a revitalização desperta na Capital:
— Sabemos que essa obra definirá uma nova fisionomia da cidade.