O carro alegórico em ruínas, estacionado numa das extremidades do Complexo Cultural Porto Seco, na zona norte de Porto Alegre, poderia ser o retrato da atual situação da área que chegou a ser pensada como o futuro templo do samba na Capital. No vazio da pista de concreto de 350 metros de extensão, o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa), Juarez Gutierrez, resume:
– Abandono. Esta é a realidade de quem vem até aqui e vê este lugar pela primeira vez.
Em 80 mil metros quadrados pensados, inicialmente, para abrigar arquibancadas com auditórios, salas para espetáculos, unidade de saúde, departamentos da prefeitura, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e um Museu do Carnaval, a prefeitura ergueu apenas os 15 barracões que hoje abrigam as escolas de samba.
Foram gastos R$ 16 milhões na construção dos prédios e na pavimentação da pista e cerca de R$ 25 milhões em montagem e desmontagem de arquibancadas e estrutura para os desfiles, desde 2004. Outros R$ 25 milhões, calculados em 2015, seriam necessários para completar o Complexo. Dinheiro que a prefeitura, na administração anterior e na atual, afirma não ter disponível.
A Procuradoria-Geral do Município avalia o repasse da área em comodato para entidades privadas. A primeira da fila seria a Liespa, que alega estar atuando no vermelho e só aceita gerir a estrutura se a prefeitura recuperar o que foi destruído ao longo de mais de uma década. Num cálculo superficial da entidade, seriam necessários cerca de R$ 350 mil para repor o cercado de concreto, os portões destruídos, a pintura e a recuperação da estrutura elétrica do complexo.
Descaso com o Carnaval
Promessas não cumpridas e R$ 16 mi jogados fora: Complexo Cultural do Porto Seco vive total abandono
Procuradoria-Geral do Município avalia o repasse da área em comodato para entidades privadas
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