A frustração com o legado econômico e social da Copa pode ser compensada, nos próximos anos, com a aposta de Porto Alegre no turismo voltado a negócios e saúde – a procura por tratamento médico atraiu 4,2 mil pessoas em 2015 e 7 mil no ano passado. Em 2019, a cidade vai receber o Congresso Brasileiro de Cardiologia com expectativa de 7 mil participantes.
A construção de um novo centro de eventos, antigo anseio de empresários e comerciantes locais, daria um impulso significativo a essa estratégia. Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o município analisa o melhor local para receber a estrutura e buscar recursos. O centro poderá ser erguido por meio de uma parceria público-privada.
– Somos uma cidade consolidada no turismo de negócios. Em 2015, esse setor gerou R$ 20 milhões em impostos e 3,8 mil empregos diretos. Ano passado, fomos a quinta cidade do país com maior número de eventos internacionais – diz o diretor de Turismo de Porto Alegre, Roberto Snel.
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Mas a cidade também perdeu espaço nesse setor depois da Copa. Segundo pesquisa de demanda turística divulgada pelo governo federal nesta semana, 3,5% dos estrangeiros que vieram ao Brasil a negócios passaram por Porto Alegre no ano passado. A cifra é inferior aos 3,6% registrados em 2015 e aos 4,4% de 2014. No mesmo período, Florianópolis, que não recebeu jogos da Copa, saltou de 1,7% para 2,3%.
Para Roberto Snel, a população também tem um papel a cumprir no resgate da autoestima e do turismo. Para ele, muitos moradores reclamam da falta de atrativos da cidade, mas na verdade não os conhecem por não viver a Capital:
– As pessoas dizem que não há o que fazer em Porto Alegre, mas nunca andaram na Linha Turismo ou no Cisne Branco, não frequentam os museus. Temos de amar e vender a nossa cidade, em vez de fazer o antimarketing.