A organização da Serenata Iluminada garante que enviou um e-mail, duas semanas antes do evento acontecer, pedindo reforço da Brigada Militar para sábado, quando ocorreu a última edição, no Parque da Redenção. O evento, que tem como objetivo ocupar os espaços públicos, ganhou os holofotes após um comandante da BM ter sugerido "chamar o Batman" quando jornalistas pediram reforço no policiamento, pois estariam ocorrendo assaltos na Redenção.
O tenente-coronel Francisco Vieira, titular do 9ª BPM, também por meio de um grupo no WhatsApp, disse que o evento não tinha permissão para ocorrer e que os presentes não queriam a presença dos policiais na Redenção: "Quem frequenta esse tipo de evento não quer BM perto. Agora aguentem!"
Segundo um dos organizadores da Serenata, o bancário Pedro Loss, a formalização à Brigada, seguindo recomendação da própria instituição, ocorreu no dia 24 de maio, e incluía data, horário e expectativa de público - eram esperados mais de 10 mil, mas a estimativa é que, com a chuva do dia anterior, cerca de 5 mil tenham participado. E esse pedido teria sido feito justamente porque os participantes queriam a presença dos brigadianos.
- Diferente do que o comandante sugeriu, a gente quer a colaboração da Brigada, assim como da Guarda Municipal. Até porque umas das causas da Serenata é o direito de ocupação de locais públicos com segurança. Temos que unir forças, não segregar - apontou Loss.
O bancário ainda ressaltou que, após, pelo menos, quatro edições da Serenata, pela primeira vez, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) disponibilizou lixeiras para o evento, que era uma reinvindicação do evento, o que demonstra a união de esforços em prol da cidade.
Loss também rebateu o argumento do tenente-coronel, que disse que "gente do bem está em casa agora", contando que havia pessoas de todas as idades e profissões, inclusive crianças. Lamentou que ocorrências como furtos possam ter ocorrido, mas disse que isso acontece em "qualquer lugar pública com aglomeração de pessoas".
Conforme ele, os organizadores não desistiram do evento - pelo contrário - devido à polêmica com a BM e que esperam poder contar, da próxima vez, com a colaboração dos policiais:
- Não é para chamar Batman, porque não vivemos em uma cidade de ficção. Vivemos numa cidade real, que é Porto Alegre, e queremos poder ficar na rua à noite com segurança - concluiu.
O Comando de Policiamento da Capital (CPC) enviou uma nota oficial neste domingo. Leia a íntegra:
Nota de esclarecimento do Comando de Policiamento da Capital (CPC)
As declarações do comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Vieira, foram feitas em ambiente virtual informal, que não constitui canal oficial de comunicação de ocorrências da Brigada Militar. Portanto não expressaram uma resposta Institucional. Ressaltamos ainda, que o 9º BPM sempre cumpriu com seus deveres de polícia ostensiva no sua área de atuação (Centro de Porto Alegre), procurando atuar preventivamente, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem pública.