A estudante de Relações Públicas da PUCRS Alice Zanin, 19 anos, chegou para a aula já atrasada na noite desta quinta-feira. Estacionou seu carro nas dependências da universidade e, quando voltava com o namorado para pegar o veículo e ir embora, o rapaz chamou a atenção dela:
- Isso aqui é o teu carro?
Ela olhou para o local apontado por ele, e respondeu:
- Não acredito nisso.
Enquanto homicídios e latrocínios diminuem, roubo de veículos aumenta no primeiro trimestre
Quando Alice avistou seu Fiat 500 e viu que o veículo estava suspenso por um macaco e sem as quatro rodas, imediatamente foi perguntar aos funcionários da empresa que administra o estacionamento o que havia acontecido.
- Tinha dois funcionários olhando. Perguntei o que tinha acontecido. Eles me disseram que tinham roubado as quatro rodas e que não sabiam de mais nada.
A jovem acionou a empresa Moving, terceirizada responsável pelo estacionamento da PUCRS. Segundo ela, depois de muita enrolação por parte da empresa, um representante entrou em contato com Alice para se prontificar a fazer a manutenção do carro. A empresa informou à estudante que ainda nesta sexta-feira buscaria o seu veículo para levar a uma oficina e colocar rodas novas no Fiat 500, assim como deixariam ela com um automóvel reserva até que a manutenção fosse concluída. Até as 18h30min desta sexta, a empresa ainda não havia cumprido com as promessas.
Leia outras notícias de polícia
Outras ocorrências
Ela não está sozinha no time dos que tiveram ocorrências registradas dentro do estacionamento da PUCRS, que custa R$ 4,50 por dia (preço para alunos). De acordo com a Brigada Militar, a média é de duas ocorrências por semana no local.
Carros roubados são recuperados em ferro velho
O estudante de Engenharia da Computação Rodrigo Oliveira, 20 anos, também teve problemas no estacionamento. No final do mês de abril, seu carro foi arrombado nas dependências da universidade.
- Entrei no carro e vi que tinham arrombado. Não tinha mais rádio, extintor e estepe. Demorou um pouco para cair a ficha que isso estava acontecendo dentro da PUCRS. A fechadura estava destruída, a porta amassada - relatou o estudante.
Rodrigo afirmou que, apesar da demora, a Moving lhe depositou o dinheiro do rádio, pagou pelo estepe e comprou o extintor para o seu carro - além da fechadura, que foi arrumada ainda no dia da ocorrência. Quanto à porta amassada, o jovem levou o veículo à oficina indicada pela empresa e apenas nesta semana foi feita a manutenção.
Leia outras notícias do dia
Fim do contrato
A PUCRS emitiu uma nota à imprensa, admitindo que tem conhecimento sobre os problemas relacionados à segurança no estacionamento e que "efetuou a extinção dos contratos de locação com a Moving Vinci Park". Leia o texto na íntegra:
"A PUCRS tem conhecimento de eventuais furtos que vêm ocorrendo nas áreas de estacionamentos do Campus e tem cobrado da empresa Moving Vinci Park, locatária e responsável pelas referidas áreas, inclusive pela segurança, mais ações no sentido de coibir e evitar tais ocorrências. A Universidade esclarece que recentemente efetuou a extinção dos contratos de locação com a Moving Vinci Park, estando em tramitação a retomada judicial das áreas de estacionamento. A Universidade determinou o reforço da vigilância no Campus e está tomando as providências cabíveis".
A empresa Moving, por sua vez, alegou que tentou fazer investimentos referentes à segurança, como monitoramento de placas de carros e melhoraria da iluminação, mas a PUCRS não permitiu.
- Nós não somos uma empresa de segurança. Trabalhamos com o estacionamento e fazemos o preventivo. Mas a PUCRS é a responsável pela segurança no campus - explicou Rafael Barbosa, coordenador de comunicação da Moving.
Presa quadrilha do Vale do Sinos que usava sucatas para clonagem de veículos roubados
Ele também confirmou que tanto a Moving quanto a PUCRS entenderam que a parceria não está mais funcionando, e a empresa não deve mais ser responsável pelos estacionamentos da universidade. Ressaltou, ainda, que essa providência já vem sendo discutida e não se deve aos casos recentes citados na reportagem.
Apesar da tramitação, o processo de extinção do contrato ainda deve levar algum tempo para ser concretizado. Rafael garantiu que durante a permanência da Moving na PUCRS, a empresa vai continuar com a melhor qualidade e atenção aos usuários.
Alunos preocupados
Estacionamento da PUCRS vira alvo de furtos e universidade pede fim do contrato com terceirizada
De acordo com a Brigada Militar, média é de duas ocorrências por semana no local
GZH faz parte do The Trust Project