É a paixão por crianças que motiva a educadora infantil Cinara Regina Souza Silveira, 41 anos, a colorir o domingo de Páscoa dos pequenos da Vila Rocinha, no Bairro Restinga, Extremo-Sul de Porto Alegre. Com a ajuda da própria comunidade, uma das mais carentes da região, há 15 anos ela distribui mais do que pirulitos e bombons no campo de terra vermelha: Cinara garante a alegria para cada um deles na data em que os cristãos celebram a ressurreição de Jesus. Neste domingo, cerca de cem crianças da região participaram do evento, que mesmo com chuva ocorreu no campo do Elo, quase no final da Rua Jacques Yves Costeau.
Enquanto os adolescentes jogaram no torneio de futebol-sete, também organizado pela comunidade, os menores se divertiram nos brinquedos infláveis. Mas a hora mais esperada por todos foi a distribuição das cestas feitas com garrafas Pet, recheadas de pirulitos, balas e chocolates. Teve até fila na hora da entrega. Maycon Douglas Ferreira Marques, cinco anos, foi o primeiro a ganhar a lembrancinha. A mãe, a auxiliar de serviços gerais Graziele Jaques Ferreira, 32 anos, moradora da Vila, fez questão de levar o filho à festa, já tradicional entre os moradores.
- Muitas crianças não ganharam nada hoje (ontem). Se não fosse a Cinara, elas passariam a Páscoa em branco - comentou Graziele.
Quando ganhou a cestinha, Ysabelly Inácio Costa, cinco anos, fez questão de correr na direção da mãe, a auxiliar de cozinha Deise da Silva Inácio, 27 anos, para mostrar o presente. Faceira, alisava a cesta improvisada.
- Faço questão de trazer a minha filha e agradecer a Cinara pelo trabalho voluntário dela. E ela faz isso porque gosta mesmo - afirmou Deise.
Mas as crianças não eram as únicas felizes ontem. A própria Cinara não conseguia conter a faceirice. Mãe de três filhos - Endrieli, 14 anos, Emerson, 16 anos, e Everton, 20 anos - Cinara é conhecida no bairro por agradar aos pequenos.
- Quando ainda não promovia as festinhas para eles, eu já distribuía balas e bombons pelas ruas. Na volta do trabalho, passava no mercadinho, comprava um punhado de doces e vinha presenteando quem passasse no caminho - recordou.
Antes de tornar-se educadora infantil, Cinara trabalhava como recepcionista e nas horas vagas era voluntária nas creches comunitárias do bairro. Incentivada pelas professoras das escolas, ela decidiu fazer cursos na área para mudar de profissão.
- A primeira vaga que consegui numa creche foi como auxiliar de limpeza. Mas eu sabia que poderia ir mais longe. Até que me tornei educadora, há cinco anos - contou.
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