
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) permanece no plenário da Câmara dos Deputados neste sábado (12), onde promete passar o fim de semana em protesto contra o processo que pode resultar na cassação de seu mandato.
Após a decisão do Conselho de Ética, o parlamentar disse que só vai deixar o local após o fim do processo e seguirá em greve de fome. Braga é acusado de quebra de decoro por agredir, com chutes e empurrões, o militante do MBL Gabriel Costenaro dentro da Casa, em abril de 2024 (veja detalhes no final desta reportagem).
Nas redes sociais, o deputado afirma estar sem se alimentar há três dias e seis horas, ter dormido no chão do plenário 5 da Câmara, o mesmo onde foi julgado, e já ter perdido dois quilos desde o início da greve.
Braga chegou a fazer exames de sangue e de urina, e tem consumido soro fisiológico a pedido da equipe médica. Segundo a assessoria do parlamentar, as coletas de sangue apontam que ele está bem de saúde.
"Sigo aqui dormindo no mesmo plenário do Conselho de Ética que recomendou a minha cassação. O meu ato é um grito de denúncia. Arthur Lira tem muito poder e grana, mas ele não pode tudo. O orçamento secreto não pode comprar a minha cabeça" escreveu Braga em seu perfil no X (antigo Twitter), na manhã deste sábado.
Entenda o caso
O processo contra Glauber foi aberto em 2024, após ele expulsar, aos chutes, o influenciador Gabriel Costenaro, do Movimento Brasil Livre (MBL), das dependências da Câmara. O episódio ocorreu em 16 de abril daquele ano, após Costenaro fazer insinuações sobre a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga, mãe do deputado, que na época estava doente e morreu 22 dias depois.
O Conselho de Ética da Câmara recomendou na quarta-feira (9) ao plenário a cassação do mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ), por 13 votos a cinco. O deputado ainda pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Para perder o mandato, são necessários ao menos 257 votos favoráveis entre os 513 deputados.
O parecer seguiu o voto do relator, Paulo Magalhães (PSD-BA), que acatou a denúncia do Partido Novo e afirmou não ter "dúvidas" sobre as agressões. Braga contesta o relatório, acusa o relator de ser "parcial" e aponta interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no processo.