
O ex-ajudante de ordens da Presidência durante o mandato de Jair Bolsonaro Mauro Cid negou, em depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF), ter sido pressionado pela Polícia Federal durante a investigação a delatar antigos aliados no plano de golpe de Estado. Em março de 2024, a revista Veja publicou mensagens nas quais ele reclamava de suposta pressão para relatar coisas que não teriam acontecido.
Ao depor ao juiz responsável pela oitiva, diz que as mensagens foram um "desabafo em um momento ruim" e se queixou de estar isolado e ter perdido dinheiro.
— Nunca houve uma pressão, quero que você fale isso, fale aquilo. (...) Quando fui falar com um amigo, o desabafo começa comigo criticando o presidente, dizendo "tem gente milionária, que não perdeu nada, está sendo investigada, está na imprensa, mas eu não, perdi tudo que eu tinha. A família está vendendo os imóveis — afirma, enquanto chora.
Nesta quinta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, retirou o sigilo de vídeos dos depoimentos de Mauro Cid.
— Não tenho minha carreira mais, coisas que são pesadas pra gente. Eu não tenho nem como sair, a imprensa está atrás, nem direito a conversar eu tenho, porque se eu desabafo com um amigo, grito com um amigo, no outro dia está na imprensa — complementa o militar.
Horas de depoimentos foram colhidos e registrados em 2024 pela Polícia Federal (PF). Embora o sigilo da transcrição tenha sido derrubado na quarta-feira (19), as mídias ainda não estavam disponíveis para acesso público.
Na terça-feira (18), um dia antes da divulgação da transcrição, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas.