O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descartou, em entrevista ao jornal americano The New York Times na quinta-feira (16), apoiar uma possível candidatura de seus filhos à Presidência.
— Para você ser presidente aqui e fazer o correto, você tem que ter uma certa experiência — afirmou Bolsonaro.
Apesar da declaração, o ex-presidente afirmou que encamparia candidaturas dos filhos políticos nas eleições para o Congresso Nacional.
Tentativa de golpe de Estado
O ex-chefe do Executivo foi questionado sobre o plano de golpe de Estado revelado pela Polícia Federal (PF) e que mostrou a suposta participação de aliados dele na empreitada de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.
Ao jornal, Bolsonaro afirmou que cogitou decretar estado de sítio após a eleição de Lula, mas voltou atrás após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negar o pedido do PL para invalidar os votos. "Esqueça", "nós perdemos", disse ao New York Times.
Ao ser questionado sobre o suposto plano de execução de Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e de Moraes, Bolsonaro disse que "por parte dele, não houve nenhuma tentativa de executar as três autoridades".
— Quem quer que seja que tenha elaborado este possível plano deve responder — disse.
A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e mais 39 pessoas na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os três crimes atribuídos pela corporação ao ex-presidente podem resultar em 28 anos de prisão.
O ex-presidente disse ao jornal americano que não está preocupado com o julgamento do caso.
— Minha preocupação é quem vai me julgar — disse.
Inegibilidade
Além da suposta trama golpista, Bolsonaro comentou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o declarou inelegível até 2030. Por 5 votos a 2, a Corte condenou o ex-presidente por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão da reunião em que atacou as urnas eletrônicas diante de diplomatas, em julho de 2022.
O TSE julgou que Bolsonaro usou indevidamente o cargo e a estrutura administrativa da Presidência da República para fazer campanha na reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio do Alvorada.
Bolsonaro caracterizou a decisão como uma "violação à democracia" e busca caminhos jurídicos para ser candidato nas próximas eleições.
A Corte Eleitoral também condenou Bolsonaro à inelegibilidade em três ações que atribuíram ao ex-presidente abuso de poder político, abuso de poder econômico e conduta vedada nas comemorações do dia 7 de setembro de 2022.
Bolsonaro apela para Trump, Musk e Zuckerberg
O ex-presidente ainda disse que o convite que afirma ter recebido para a posse de Donald Trump o deixou tão animado que não vai "tomar mais Viagra". Em entrevista ao New York Times, Bolsonaro demonstrou entusiasmo pela posse do aliado reeleito, marcada para segunda-feira (20), e disse que "pede a Deus" pela chance de "apertar a mão" do aliado reeleito nos Estados Unidos
Apesar do otimismo de Bolsonaro, Moraes negou a devolução do passaporte nesta quinta-feira (16). A entrevista ao jornal dos EUA foi dada antes da decisão do STF.