A Assembleia Legislativa discute atualmente uma proposta de mudança na Constituição do Estado para tornar mais difícil uma eventual alteração do Hino Rio-grandense e de outros símbolos estaduais. Os proponentes alegam que pretendem "proteger" representações da cultura e da história do Rio Grande do Sul. Recentemente, um trecho do hino passou a ser questionado e envolvido em polêmica, por ser considerado racista por parte da população.
No entanto, esta não seria a primeira vez que a música, composta no século 19 e adotada como hino do Estado nos anos 1930, seria alterada para remoção de versos vistos como problemáticos. A versão cantada atualmente pelos gaúchos do Hino Rio-Grandense remonta à década de 1960, quando a letra da música passou por sua última alteração, até agora. Uma lei aprovada no fim de 1965 pela Assembleia Legislativa e sancionada em 5 de janeiro de 1966 alterou o hino, tirando um trecho que, à época, causava polêmica.
Naquele momento, os deputados estaduais, ao atualizarem a canção, decidiram cortar toda a segunda estrofe, que fazia referência a gregos e romanos (veja abaixo o trecho suprimido do hino em 1966).
O argumento central para a retirada dos versos foi o de que o trecho fazia referência à virtude de outros povos, não guardando relação direta com a história do Rio Grande do Sul.
A explicação aparece no livro Nossos símbolos: nosso orgulho, do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. A obra de 2008 tem pesquisa de Manoelito Savaris e Ivo Ladislau.
Outra obra que cita a mudança destaca que a Assembleia Legislativa, ao alterar a letra em 1966, abreviou e consagrou o formato popular do hino. “A lei de 1966 oficializa o Hino do Estado como sendo o que se compõe da revisão da música de Joaquim José de Mendanha, realizada por Antônio Tavares Corte Real, com versos de Francisco Pinto da Fontoura, estes de forma abreviada, consagrada pelo uso popular”, diz trecho da publicação Símbolos Rio-Grandenses, de 1976, da Secretaria Estadual da Cultura.
Letra do hino do Hino Rio-Grandense antes da mudança de 1966:
Como a aurora precursora,
Do farol da divindade,
Foi o Vinte de Setembro
O precursor da liberdade.
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
Entre nós, reviva Atenas,
Para assombro dos tiranos.
Sejamos gregos na glória,
E na virtude, romanos.
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo.
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.
Hino atual é o terceiro da história do RS
Antes da música atual, cuja letra sofreu alteração em 1966, o Rio Grande do Sul teve outros dois hinos, escritos no século 19. De acordo com a obra Nossos símbolos: nosso orgulho, a primeira letra foi escrita em 1838, por Serafim José de Alencastro. Em 1839, surgiu um segundo hino, parecido com o primeiro, de autoria anônima, “que ganhou cunho de oficialidade por ter sido reproduzida no jornal O Povo”, conforme trecho da obra.