O presidente Jair Bolsonaro se reuniu na manhã desta quarta-feira (27) com representantes do WhatsApp, no Palácio do Planalto, em Brasília. O encontro aconteceu após a plataforma anunciar um novo recurso, batizado de Comunidades, que irá permitir o envio de uma mesma mensagem para milhares de usuários do aplicativo.
Na reunião, os representantes da plataforma confirmaram que os chamados megagrupos serão liberados no Brasil depois das eleições, marcadas para outubro deste ano. Ainda informaram que essa decisão não faz parte do acordo que o WhatsApp possui com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para combater as notícias falsas no período eleitoral.
“É importante ressaltar que a decisão sobre a data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”, disse a plataforma em nota após a reunião.
A iniciativa gerou duras críticas de Bolsonaro após informações apontarem que a escolha do período pós-eleitoral para início da operação do recurso teria sido motivada após um combinado entre o Whatsapp e a Justiça Eleitoral.
Juntamente a outras redes sociais, o WhatsApp firmou uma parceria com o TSE, em fevereiro, para que controlar a disseminação de fake news no período eleitoral. Mas, de acordo com a empresa, o recurso Comunidades não faz parte desse acordo.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, que participou da reunião, confirmou que os representantes do aplicativo afirmaram que a decisão não possui relação com as eleições brasileiras e não foi um pedido do TSE. Segundo Faria, com a explicação da empresa, Bolsonaro entendeu e não contestou.
— Tivemos reunião agora com o presidente da República e representantes do WhatsApp e da Meta para esclarecimentos do que foi amplamente veiculado na imprensa, nas redes sociais. E o WhatsApp deixou claro, a Meta também, que em nenhum momento atendeu pedido do TSE para que fossem feitas essas mudanças em relação às Comunidades apenas após as eleições. Isso não houve. Eles tomaram uma decisão global, olhando concorrentes, mercado mundial — disse o ministro, em coletiva de imprensa.
Os megagrupos vão permitir a criação de subgrupos dentro de um principal. Ao ingressar na comunidade, o usuário do aplicativo poderá escolher entrar nas salas de bate-papo de acordo com os temas que estarão sendo discutidos em cada uma.
Leia, na íntegra, a nota do WhatsApp após reunião com Bolsonaro
"Como parte de seu diálogo constante com as autoridades dos países em que atua, o WhatsApp participou hoje de uma reunião com o governo brasileiro para fornecer mais informações sobre o recurso Comunidades e os planos da empresa para sua implementação no país. De acordo com o calendário já divulgado, a implementação da funcionalidade no Brasil ocorrerá somente após o período eleitoral.
É importante ressaltar que a decisão sobre a data de lançamento deste recurso no Brasil foi tomada exclusivamente pela empresa, tendo em vista a confiabilidade do funcionamento do recurso e sua estratégia de negócios de longo prazo. Essa decisão não foi tomada a pedido nem por acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Como já informado previamente, o WhatsApp assinou um memorando de entendimento com o TSE no início deste ano que inclui, por exemplo, um chatbot, um canal de denúncias para contas suspeitas de disparos massivos e treinamentos para a equipe da Justiça Eleitoral. Entre outras plataformas digitais, a empresa também é signatária do Programa de Enfrentamento à Desinformação desde 2019. No entanto, nenhum desses acordos com o WhatsApp faz referência à funcionalidade Comunidades ou ao seu momento de lançamento, pois esse tipo de decisão cabe à empresa.
Por outro lado, nos últimos anos, o WhatsApp fez uma série de parcerias estratégicas com o Governo brasileiro que, de acordo com os próprios ministérios e órgãos vinculados, trouxeram eficiência na comunicação do governo e impactaram positivamente milhões de brasileiros, como o chatbot com o Ministério da Saúde no início da pandemia e a conta oficial da Caixa no WhatsApp para a comunicação com os beneficiários do Auxílio Emergencial.
Estamos no início do desenvolvimento de Comunidades para o aprimoramento do recurso antes de passar à etapa de lançamento global, o que não acontecerá por vários meses. Continuaremos a avaliar o momento exato para o lançamento da funcionalidade no Brasil e comunicaremos a data quando estiver definida. Reafirmamos que isso só acontecerá após as eleições de outubro."