O vice-presidente Hamilton Mourão disse que teve acesso na manhã de quinta-feira (18) aos dados de um relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que aponta um aumento de 22% no desmatamento na Amazônia de 2020 para 2021. Os números foram publicados no dia 27 de outubro, dias antes do início da COP-26, a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada na Escócia.
Entidades, servidores e ambientalistas acusam o governo federal de omissão por não ter mostrado os dados durante os encontros da cúpula. A informação foi revelada em reportagem do G1.
Mourão afirmou a jornalistas nesta sexta-feira (19), no Palácio do Planalto, que não sabe se os dados foram ocultados da cúpula do clima, mas também não negou que possa ter acontecido de forma proposital.
— Ontem pela manhã eu tive conhecimento deles (dados do Inpe). Se seguraram, não sei quem “seguraram”. Não passou por mim, eu não posso dizer algo dessa natureza, seria uma leviandade da minha parte — respondeu.
O relatório é produzido pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), referência em medir taxas anuais. De acordo com os dados, a área desmatada na Amazônia foi de 13.235 km² entre agosto de 2020 e julho de 2021 – no relatório anterior, o número foi de 10.851 km²
Mourão admitiu que os números do relatório do Prodes “não são bons”, mas minimizou o problema.
— A gente tem que olhar o tamanho da Amazônia. A Amazônia Legal tem cinco milhões de km². Tivemos 13 mil km² de desmatamento, isso dá 0,23% da Amazônia que teria sido desmatada — afirmou o vice-presidente.
Essa é a maior área desmatada da Amazônia desde 2006, quando os números apontaram para 14.286 km² desmatados. Na série histórica, a maior taxa foi registrada em 2004 (27 mil km²).
Além de vice-presidente, Mourão também é chefe do Conselho da Amazônia, responsável pela integração dos órgãos do governo, como ministérios e institutos, para fiscalizar e coordenar os assuntos relacionados à floresta amazônica.