Em campanha à presidência da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) disse nesta segunda-feira (18), em Porto Alegre, que um eventual pedido de impeachment de Jair Bolsonaro não está na pauta da disputa. A pressão por um processo de afastamento do presidente cresceu desde a última sexta-feira, após a falta de oxigênio em hospitais de Manaus e o agravamento da pandemia.
Apoiado pelo Planalto, Lira diz que há mais de 50 pedidos de impeachment de Bolsonaro na Câmara e que o responsável pela decisão é o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
- É ele quem tem de responder, ele que tem de falar sobre esse assunto. Não vou falar sobre responsabilidades. Quem tem de tratar desses pedidos é o presidente atual da Câmara, e não candidatos. Não sei nem se serei eleito - desviou Lira.
O deputado também não quis comentar uma declaração feita por Bolsonaro pela manhã, segundo o qual são as Forças Armadas que decidem se o Brasil viverá uma democracia ou uma ditadura.
- Não ouvi, não posso comentar. Não tenho juízo de valor sobre uma declaração dessas, em que sentido ele fez, por que ele fez. As Forças Armadas são os guardiões da lei, da paz, da ordem. Vivemos num país democrático, que respeita as leis. Não somos a favor de nenhum ato anárquico, invasão às instituições e nossa prática é de respeito à democracia – afirmou.
Lira defendeu a criação de um novo programa de transferência de renda, diferente do Bolsa-Família e do auxílio-emergencial. Para o deputado, o país precisa de medidas de socorro financeiro que sejam mais inclusivas, sobretudo para o pós-pandemia. Lira sustenta que o pagamento do auxílio-emergencial, encerrado em dezembro, até poderia ser prorrogado enquanto não houver a concepção do novo programa. Contudo, ele destacou que a prioridade da Câmara na retomadas dos trabalhos precisa ser a aprovação do orçamento de 2021.
- Não se instalou a Comissão de Orçamento ano passado. Estamos até hoje sem orçamento. E sem orçamento, não tem como fazer prorrogação de auxílio – justificou.
Lira chegou ao RS no início da tarde e permaneceu por cerca de seis horas na Capital. Seu primeiro compromisso foi um almoço com deputados em uma churrascaria do bairro Floresta. Em seguida, se reuniu com o governador Eduardo Leite no Palácio Piratini. Como o candidato chegou acompanhado de vários deputados e assessores, a audiência acabou transferida do gabinete do governador para o salão Negrinho do Pastoreio, a fim de evitar aglomeração.
Ao final da reunião, Lira minimizou a decisão do Solidariedade, que mais cedo declarou apoio ao seu principal adversário, Baleia Rossi (MDB-SP). Segundo o deputado, o ato da Executiva Nacional do partido foi uma “decisão de sindicato” e que a maioria dos 14 deputados da legenda já declarou apoio a ele.
- Foi uma decisão de sindicato, dizendo inexplicavelmente que um apoio que eu tenho há dois anos agora irá para outro candidato. Onde deputados, nove deputados já disseram que não assinam esse bloco, então isso não existe – desprezou Lira, que ainda anunciou apoio do PSL a sua candidatura.
O deputado ainda visitou o presidente da Assembleia Legislativa e se reuniu com dirigentes do PP antes de deixar a Capital no início da noite, rumo a Curitiba.