O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, determinou que a Presidência da República apresente, em até 72 horas, as gravações da reunião ministerial do dia 22 de abril.
Segundo o depoimento do ex-ministro Sergio Moro à Polícia Federal, ocorrido no sábado (2), o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado a substituição do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro em frente a outros ministros, como Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
"As autoridades destinatárias de tais ofícios deverão preservar a integridade do conteúdo de referida gravação ambiental (com sinais de áudio e de vídeo), em ordem a impedir que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou, até mesmo, suprimidos, eis que mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a pedido do Senhor Procurador-Geral da República, procedimento de natureza criminal", afirmou Celso de Mello no seu despacho complementar.
Mais cedo, Celso de Mello havia autorizado novos depoimentos no inquérito, incluindo os três ministros citados. O decano do STF também pediu comprovantes de autoria e integridade das assinaturas digitais no decreto de exoneração de Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, publicada no Diário Oficial da União em 23 de abril, além de eventual documento com pedido de exoneração encaminhado por Valeixo ao presidente.
O depoimento de Moro veio a público nesta terça-feira (5). O ex-ministro afirmou à Polícia Federal que Bolsonaro quis determinar o comando da superintendência da PF no Rio de Janeiro, o que foi corroborado pelo presidente horas depois da divulgação, no Palácio da Alvorada.
— O Rio é o meu Estado. Vamos lá: o caso porteiro, como foi a Polícia Federal no caso porteiro. Eu fui acusado de tentar matar a Marielle. Quer algo mais grave do que isso? O presidente da República acusado de um assassinato? A PF tinha que investigar— declarou Bolsonaro.