O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, definiu como "episódio bizarro" o vídeo em que Roberto Alvim, então secretário nacional da Cultura, parafraseou parte do discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista. Alvim foi demitido na tarde de sexta-feira (17), horas após a publicação das imagens em uma rede social.
A declaração de Moro foi dada ao programa Roda Viva, na noite desta segunda (20), após ser questionado se, como ministro da Justiça, ele não deveria se posicionar como defensor da democracia. Moro não se pronunciou, por exemplo, em relação ao ataque ao prédio da produtora do Porta dos Fundos, na véspera de Natal, e até então não havia comentado o vídeo de Alvim.
— Acho que não cabe ao ministro da Justiça e Segurança Pública atuar como comentarista político ou como se tivesse responsabilidade de falar sobre tudo. Nesse caso do secretário de Cultura, a meu ver, foi um episódio bizarro e, tendo ciência desse episódio, eu dei minha opinião ao presidente. Cabe a ele tomar a decisão, e ele tomou a decisão absolutamente correta e o problema foi resolvido.
Na entrevista, o ministro também comentou sobre uma possível candidatura à Presidência da República em 2022 e disse não ter "esse tipo de ambição".
Vídeo de Alvim
Alvim apresentou em uma live as diretrizes do Prêmio Nacional das Artes, em um cenário e com uma ambientação que remetiam diretamente à retórica e à propaganda nazista, com direito a frases iguais às pronunciadas pelo ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebbels.
Alvim repete frases de um discurso de Goebbels ao som da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, obra que Hitler afirmou ter sido decisiva em sua vida.
— A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada — diz o secretário.
O vídeo gerou reações de diversas figuras, como dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.