Não passou de um ensaio para o governo a votação do requerimento que autoriza a convocação extraordinária da Assembleia Legislativa. Por 34 votos a 15, o Piratini obteve aval para levar a plenário os projetos do pacote do funcionalismo. Os textos começam a ser apreciados nesta terça-feira (28).
O conjunto de mudanças estava previsto para marcar o final do primeiro ano de gestão de Leite. Todavia, apenas uma das oito matérias foi votada, e aprovada, em dezembro: a criação de alíquotas previdenciárias progressivas aos servidores civis. Diante da resistência das corporações e da profundidade da reforma, os parlamentares pediram mais tempo para estudar as propostas.
O governo assentiu e passou as três primeiras semanas de janeiro em reuniões, sobretudo para estudar o impacto fiscal das flexibilizações reivindicadas pela base. Nessas negociações, os servidores conseguiram manter algumas conquistas e o Piratini melhorou a margem de votos em plenário. A economia inicial caiu dos R$ 25,4 bilhões projetados em 10 anos para R$ 19 bilhões, mas a expectativa agora é de uma vitória total do governo, com a aprovação de todos os projetos.
— Estamos otimistas. O governo foi sensível, ouviu a base e ainda está estudando os pedidos. Vamos dando um passo de cada vez — avalia o líder do governo na Assembleia.
Diferente de outros pacotes polêmicos, em que a direção da Assembleia vetou o ingresso de manifestantes ou limitou o acesso, desta vez o presidente Luis Augusto Lara franqueou corredores e demais dependências, além de mandar instalar telões na fachada para que os servidores acampados na Praça da matriz possam assistir às votações.
Na sessão desta segunda-feira (27), os deputados sentiram uma amostra da pressão a que serão submetidos no decorrer da semana. Com narizes de palhaços, cartazes, apitos e sinetas, os servidores tomaram o saguão na entrada do plenário. Entoando palavras de ordem contra o governador, como"Leite mente", e pedindo a retirada dos projetos, eles formaram uma espécie de corredor polonês pelo qual os parlamentares eram obrigados a passar antes de ingressar no salão Júlio de Castilhos.