Prestes a fechar cinco meses de gestão, o governador Eduardo Leite deixa sob o comando de interinos pelo menos 13 instituições do governo estadual. São pessoas nomeadas ainda na gestão anterior e que não foram substituídas em postos de chefia na administração direta e indireta. Pelo menos seis fundações, duas vinculadas e cinco estatais estão com a presidência ou direção geral sem titulares indicados por Leite. É o caso de:
Faders - Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul.
Fapergs - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul.
FGTAS - Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social.
Fase - Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul.
Fospa - Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
FPE - Fundação de Proteção Especial.
Procergs - Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul.
Cesa - Companhia Estadual de Silos e Armazéns.
CRM - Companhia Riograndense de Mineração.
Sulgás
Badesul
IPE-Prev
IPE-Saúde
Em alguns desses órgãos há resistência interna para aceitação do indicado do governo. Na Cesa, por exemplo, o conselho rejeitou a nomeação do ex-deputado Fixinha, escolhido pelo o PP e chancelado pelo governador para comandar a entidade. Para os conselheiros, Fixinha não teria qualificação exigida para o cargo.
No Banrisul, a indicação já foi realizada formalmente pelo governador, mas a Assembleia Legislativa tranca a aprovação. Claudio Coutinho, futuro presidente do banco estatal, e a diretoria passaram por sabatina na Assembleia, porém não tiveram seus nomes avalizados em plenário. A dúvida em torno do possível aumento de salário da cúpula do banco foi o motivo para o adiamento, pela terceira semana seguida, da votação.
Nesta semana, depois de denúncias envolvendo a precariedade constatada em abrigos sob o guarda-chuva da Fundação de Proteção Especial (FPE), o secretário de Justiça, Catarina Paladini, foi nomeado para assumir o comando da entidade interinamente. Sob responsabilidade do Estado, crianças em situação de vulnerabilidade social são acolhidas por esses abrigos. Devido à falta de comando titular na FPE, crianças estavam vivendo em um ambiente sem higiene adequada.
No IPE-Prev, o ex-prefeito Marcos Vinicius de Almeida foi indicado, mas até agora não foi nomeado. Entre os obstáculos está a falta de qualificação dele para o cargo. Na FGTAS, entidade que administra o Sine, responsável pela divulgação de vagas de trabalho no Estado, o indicado seria o irmão do deputado Edson Brum (MDB), mas Edivilson Brum declinou da proposta devido a uma confusão que envolveu o seu nome e a presidência da Metroplan (hoje com o PTB). A decisão foi anunciada por ele à cúpula do MDB nesta sexta-feira (24).
Sob o comando de interinos desde o início do ano, a Fase e a Faders terão seus novos presidentes escolhidos nos próximos dias. O ex-prefeito de São Borja, Farelo Almeida, que foi filiado ao PDT e concorreu a deputado em 2018 pelo PR, assumirá o comando da Fase. Já na Faders, quem assume será Marquinho Lang, filiado ao PRB, que disputou a Assembleia Legislativa no ano passado. Porém, os nomes ainda não foram confirmados pelo Palácio Piratini.
Em dezembro, dois meses após vencer as eleições, Leite apresentou a seus aliados uma série de postos disponíveis para lotação do governo. Parte dos aliados indicou seus nomes, mas a demora em concretizar as contratações irrita a base. Nos bastidores, a demora está relacionada à disposição do governador em analisar pessoalmente os escolhidos, o que ocorre de forma esporádica, já que a agenda é lotada de compromissos diariamente. Até indicados a cargos em comissão são analisados individualmente, o que explica a lenta nomeação dos funcionários.
O chefe da Casa Civil do governo Leite, Otomar Vivian, avalia que a falta de titulares indicados pelo governo Leite não afeta os serviços prestados por esses órgãos, embora servidores dessas instituições afirmem o contrário. Segundo ele, as novas indicações deverão ser concluídas nos próximos dias.
"É importante destacar que, assim como já aconteceu em outras que já houveram indicações, que as que ainda não trocaram a gestão, continuam com funcionamento normal, garantindo as devidas prestações de serviços. As novas indicações deverão ser concluídas nos próximos dias, sempre atendendo à solicitação do governador para que sejam pessoas com o perfil para a finalidade da missão de cada uma das instituições", escreveu à reportagem.