Poucas horas após GaúchaZH publicar reportagem, nesta quarta-feira (22), revelando que o ministro da Cidadania, Osmar Terra, mantém escritório político em Santa Rosa (RS) pago com recursos da Câmara dos Deputados, o imóvel amanheceu sem nenhuma foto do político nas paredes.
GaúchaZH visitou o escritório em 6 de maio. Na ocasião, as paredes das várias salas estavam decoradas com fotos de Terra, a maioria de eleições antigas. Em conversa gravada, uma das pessoas que atendem no local confirmou que ali funciona o escritório do ministro:
— O escritório dele é aqui. Como ele está no ministério, não tem data para vir. Quando vem, é sempre muito rápido.
Na manhã desta quarta-feira, uma equipe da RBS TV esteve no local. Já não havia mais fotos de Terra nas paredes.
GaúchaZH revelou que o suplente de Terra na Câmara, Darcísio Perondi (MDB), paga desde março as despesas do imóvel, situado à Rua Buenos Aires, no centro do município.
Perondi repetiu uma prática estabelecida por 23 meses pelo suplente do ministro na legislatura passada, Jones Martins (MDB). De junho de 2016 a abril de 2018, Martins pagou aluguel, água, luz, IPTU e internet do escritório de Santa Rosa e de outro em Porto Alegre, também usado por Terra.
Juntos, os dois suplentes gastaram R$ 140.994,63 em recursos públicos para custear o funcionamento dos escritórios nos períodos em que Terra se licenciou do mandato para ser ministro de Estado do governo de Michel Temer e, agora, no de Jair Bolsonaro.
Procurado por GaúchaZH na terça-feira, o ministro não quis se pronunciar sobre a manutenção do escritório com verba da cota dos suplentes. Perondi disse que se trata de "praxe" e Martins afirmou que celebrou um "acordo político" com Terra.
Perondi ainda admitiu que jamais esteve no local, mas acha que vai lá "semana que vem". Já Martins disse que "acho que estive uma ou duas vezes".
Nesta quarta, a assessoria de Terra distribuiu nota na qual afirma que a "reportagem não publica argumentos suficientes que funcionem como resposta consistente à acusação" e que "o texto tenta colocar o Ministério da Cidadania no centro de uma questão pertinente apenas ao exercício do mandato parlamentar - que não é do ministro neste momento".
Veja a íntegra da nota do ministro Osmar Terra:
Sobre a reportagem : "Verba da Câmara dos Deputados paga escritório de Osmar Terra no RS": O texto tenta colocar o Ministério da Cidadania no centro de uma questão pertinente apenas ao exercício do mandato parlamentar – que não é do ministro neste momento. Ou seja, tenta se colocar Osmar Terra como alvo principal de uma questão que não é de sua atribuição ou alçada. A reportagem não publica argumentos suficientes que funcionem como resposta consistente à acusação. Pelo contrário, as respostas dadas pelos suplente de Terra são usadas por ZH para tentar reforçar a denúncia: "Perondi disse que 'é praxe' e Jones, que mantinha 'acordo político'".O texto busca aparentar gravidade ao publicar documentos para reforçar a aparência de denúncia. Osmar Terra afirma que não cometeu qualquer irregularidade.