Depois do ex-presidente Michel Temer, o coronel João Baptista Lima Filho, o Coronel Lima, também se apresentou à Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. O amigo e interlocutor de Temer chegou à PF com o rosto encoberto a 14 minutos do final do prazo determinado pela juíza Caroline Figueiredo, da 7ª Vara Criminal do Rio. Temer e Coronel Lima deveriam se apresentar até as 17h "à Autoridade Policial Federal mais próxima dos seus domicílios". Temer havia chegado na PF por volta das 15h.
Assim como Temer, a defesa de Coronel Lima também pediu para que ele fique encarcerado no Estado de São Paulo. Mas, diferentemente do ex-presidente, Coronel Lima deverá ficar preso em uma unidade da Polícia Militar ainda a ser definida.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) recomendou que o ex-presidente fique recluso em São Paulo para evitar os custos de um eventual deslocamento para o Rio, onde ele ficou preso anteriormente. A defesa de Temer reforçou o pedido em razão da proximidade com a família, e a 7ª Vara Criminal do Rio aceitou a recomendação. Todavia, a Superintendência de São Paulo não conta com uma sala de Estado Maior para carceiragem. Por ora, ele ficará em uma sala alternativa adaptada.
Na quarta (8), por dois votos a um, a Primeira Turma Especializada do TRF2 – formada pelos desembargadores Abel Gomes, Paulo Espírito Santo e Ivan Athié –, derrubou os habeas corpus dados no final de março ao emedebista e ao amigo. Já o hábeas do ex-governador do Rio de Janeiro e ex-ministro Moreira Franco foi mantido.
No dia 25 de março, em decisão monocrática, o desembargador Athié havia concedido liminar para que Temer, preso quatro dias antes, fosse solto. À época, o magistrado alegou que via um atropelo das garantias constitucionais e argumentou que não há antecipação de pena no ordenamento jurídico.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu a revogação desta decisão. No julgamento no TRF2, Athié votou por manter o hábeas, mas os demais desembargadores decidiram pela retomada da prisão de Temer e do coronel Lima.
O ex-presidente foi preso preventivamente no dia 21 de março, pela força-tarefa da Lava-Jato do Rio de Janeiro, acusado de chefiar uma organização criminosa que recebeu R$ 1 milhão em propina sobre o contrato de construção da usina nuclear de Angra 3.
O MPF afirma que chega a R$ 1,8 bilhão o montante de propinas solicitadas, pagas ou desviadas pelo grupo de Temer. Segundo a Procuradoria, a organização age há 40 anos obtendo vantagens indevidas sobre contratos públicos. O ex-presidente nega todas as acusações.