
Líderes partidários na Câmara viram com surpresa e ceticismo a desistência do apresentador Luciano Huck de disputar a Presidência da República neste ano. Para os partidos de centro, a saída de Huck beneficia as pré-candidaturas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Novo líder do PRB na Casa, Celso Russomanno (SP) contou que é amigo do apresentador e que não sabia que ele enterraria de vez a chance de concorrer ao Palácio do Planalto. Russomanno lamentou que a vida de Huck tenha sido "vasculhada" nos últimos dias e disse que é difícil passar o tempo todo tendo de se defender de acusações.
— Não é fácil para a pessoa pública não acostumada a apanhar publicamente manter uma candidatura. Tem de ter estômago — comentou o líder do PRB.
Russomanno acredita que, mesmo fora da campanha, Huck terá um papel relevante como cabo eleitoral.
— Ele será um bom cabo eleitoral para quem for candidato. Quem o trouxer, terá grande força — previu.
O PRB vem mantendo conversas com Alckmin e Maia e deve decidir só na véspera das convenções quem vai apoiar.
O líder do PR, José Rocha (BA), acredita que, sem Huck no páreo, ganha força uma candidatura de centro. Para o deputado baiano, a tendência é PSDB e DEM se juntarem em algum momento das negociações numa chapa encabeçada por Alckmin, mas com a vaga de vice em aberto.
Rocha avalia que Huck não aguentou os "bombardeios" da imprensa e que isso certamente lhe causou problemas familiares. Para Rocha, o apresentador também teria dificuldades em se alinhar com o Parlamento se fosse eleito.
— O perfil dele no Planalto não seria o mesmo perfil dos eleitos no Congresso — comentou.
O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), considera que a nova desistência de Huck é "jogo de cena".
— Enquanto eles não tiverem um candidato competitivo, o nome dele continuará sendo uma possibilidade — previu.