A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, fez um longo discurso na manhã desta segunda-feira (4), no qual assegurou o compromisso em fortalecer o trabalho de combate à corrupção dentro do Ministério Público. Ela falou sobre "desconfianças e dúvidas" que surgiram sobre seu compromisso a respeito do tema e afirmou que o combate à corrupção na sua gestão é "prioritário".
— A corrupção precisa cessar — disse Raquel. — Considero muito importante dizer a todos com clara sinceridade algumas razões que presidem minha firme atitude contra a corrupção — afirmou Raquel.
A procuradora-geral afirmou que o MP vai continuar a usar instrumentos como delação premiada, leniência, forças-tarefa e execução da pena após a segunda instância.
Segundo ela, desconfianças são "compatíveis com a história brasileira marcada por ondas de avanços e retrocessos no enfrentamento à corrupção".
— Acolho essas preocupações com claros sinais da seriedade do meu mandato — disse a procuradora-geral.
Raquel Dodge participou da abertura de evento pelo Dia Internacional de Combate à Corrupção, realizado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Ela afirmou que o país vai viver um "duro golpe" se forem perdidos "instrumentos" que auxiliam no combate à corrupção, citando a execução da pena após a decisão em 2ª instância e a titularidade do MP para celebrar acordos de delação premiada.
— O duro golpe de perder o futuro promissor e ter de viver um presente marcado pela desonestidade e pela desconfiança — afirmou.
Raquel falou sobre as atividades desde que tomou posse como procuradora-geral, em 18 de setembro, e disse que a orientação na sua equipe é de "trabalho silencioso". Segundo ela, nos últimos meses foi possível identificar as prioridades.
Ela afirmou ainda que deu atenção a questões de debate jurídico no Supremo relacionadas ao combate à corrupção, como execução da pena após 2ª instância.
— Antes, o risco de ser corrupto era quase zero. Temos de aumentar esse risco com punições para desincentivar os infratores — afirmou. — Devemos agir, agora e com maior ímpeto, para evitar que a corrupção reapareça mais vigorosa ou sob novos disfarces.
Ela afirmou que, embora muito já tenha sido alcançado no combate à corrupção, ainda não foi possível paralisar desvios e práticas ilícitas. Sem mencionar nomes, Raquel afirmou que "algumas quadrilhas foram desbaratadas, mas muitas continuam a agir com desfaçatez, à luz do dia, e em conluio que não escapam a registros, câmeras de vídeo e colaborações premiadas". Segundo ela, outras quadrilhas "escondem quantias milionárias, às vezes de modo tão petulante e displicente".
Eleições 2018
No evento desta segunda-feira, a procuradora-geral da República e procuradores-gerais de Justiça assinaram um Pacto do Ministério Público Brasileiro contra a Corrupção e também anunciaram a criação do Comitê Permanente do MP Brasileiro para as eleições de 2018.
O objetivo do comitê será prevenir e reprimir a corrupção nas eleições do próximo ano. A presidência do comitê será realizada por Raquel e a coordenação do grupo será desempenhada pelo vice-procurador-geral-eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros.