Manifestantes atiraram tomates na portaria do Instituto de Direito de São Paulo (IDP), nesta segunda-feira (9), em protesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. A entidade, que realiza um evento para lançar curso de pós-graduação em Direito Eleitoral, tem o magistrado como um de seus sócios. O ministro, vários políticos e especialistas ministram palestras sobre a reforma política durante o dia na faculdade.
"Ei Gilmar, me diz por que você sempre solta seus amigos e os amigos do poder", gritavam os manifestantes de acordo com o jornal Folha de S.Paulo.
A ação foi organizada pelo grupo "Tomataço", que diz atuar em defesa da Operação Lava-Jato, das Forças Armadas e pela "renúncia de todos os políticos do país". No Facebook, antes do protesto, integrantes publicaram foto ao receber doação de tomates estragados de comerciantes da Ceasa. Eles já promoveram manifestações semelhantes contra Gilmar em São Paulo, inclusive durante evento em agosto na sede do jornal O Estado de S. Paulo.
Discurso sobre a reforma política
Durante rápido discurso, Gilmar Mendes afirmou que o modelo político atual no Brasil, o presidencialismo de coalizão, tem gerado "desconforto e solavancos" e afirmou que a reforma política, aprovada no Senado na semana passada, teve aspectos "muito positivos", apesar de ter frustrado alguns analistas.
Entre os pontos positivos, o ministro citou a cláusula de barreira ou desempenho e a proibição de coligação de partidos a partir de 2020. Outro ponto citado por Mendes foi a aprovação do fundo público para o financiamento de campanhas.
Gilmar defendeu a mudança do regime político no país para um semipresidencialismo.
— É preciso discutir um modelo alternativo a esse que aí está, que tem propiciado muitos desconfortos e muitos solavancos — disse.
Para o ministro do STF, o presidencialismo de coalizão tem propiciado "angústia" e há uma convicção que esse modelo se exauriu.
Só dois presidentes nas últimas décadas conseguiram terminar seus mandatos, disse Mendes, ressaltando que as crises de governabilidade no Brasil tem sido solucionadas pelo impeachment, um modelo "complicado e traumático".