O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou, nesta segunda-feira (23), que a corrupção "é obstáculo para o desenvolvimento político". A declaração foi dada em uma palestra a alunos e professores de uma faculdade de Belo Horizonte. Segundo Janot, a saída para crise no país se dá na política e não fora dela.
— A solução para o Brasil hoje, para a crise política que o Brasil vive, só pode acontecer através da política. Não há outra opção possível desse problema político que passa o país — disse.
Às vésperas da votação, no Congresso Nacional, da segunda denúncia contra o presidente da República, Michael Temer (PMDB), o ex-chefe do Ministério Público Federal (MPF) disse ainda esperar que o combate à corrupção no país continue, e afirmou que a percepção sobre o Brasil no Exterior melhorou depois das investigações contra a corrupção.
— Como o Brasil é visto lá fora depois de todas essas atividades que realizou, e que a gente espera que continue? — perguntou Janot, que iniciou a palestra citando uma declaração do Papa Francisco, em que ele trata a corrupção como algo "sujo" e que "fede".
Em seguida, Janot apresentou dados que retirou do Fórum Econômico Mundial, que mostram o Brasil saindo da posição 120ª para a 109ª na lista das nações que mais combatem a corrupção.
O ex-procurador também fez um balanço sobre a Operação Lava-Jato. Disse que, até agora, foram abertos 1765 procedimentos e fechadas 120 colaborações premiadas no Supremo Tribunal Federal (STF).
Janot deixou o cargo de procurador-geral da República, depois de dois mandatos, em 17 de setembro. Foi substituído por Raquel Dodge. Ele foi o responsável no MP pela maior parte da condução das investigações no âmbito da Lava-Jato.
Como vem acontecendo com frequência, Janot, mais uma vez, voltou a evitar a imprensa. Ao sair da escola, a intenção do ex-procurador era pegar um táxi. Quando soube da presença de repórteres na entrada da escola, conseguiu carona com um professor e deixou o local pela garagem.