Era a vez da boiadeira. Com show explosivo e carregado de pirotecnia, Ana Castela estreou no Planeta Atlântida na noite desta sexta-feira (31).
Aos 21 anos, a cantora sul-mato-grossense é um dos maiores fenômenos do sertanejo da atualidade, uma verdadeira fábrica de hits. Para se ter ideia, no ano passado, Ana foi a cantora mais ouvida do Brasil no Spotify e, ainda, recebeu um Grammy Latino na categoria de melhor álbum de música sertaneja, por conta de Boiadeira Internacional.
Ana despontou com o agronejo — subgênero do sertanejo que acrescenta funk e batidas eletrônicas, com muita exaltação à vida no campo ou a si mesma. Geralmente, as letras não fogem muito de afirmações como “as boiadeiras fazem e acontecem”.
É o que se pode perceber em Boiadeira, primeiro sucesso da cantora, que entrou no repertório: “A maquiagem dela agora é poeira/ A patricinha virou boiadeira”. A segunda música da apresentação também tinha a mesma temática: As Menina da Pecuária (“As meninas da pecuária é top, é top/ Quando o berrante toca, é mulherada no galope”).
Ainda teve a empoderada Dona de Mim (“Eu criei filha minha pra ser boiadeira/ Na volta desse mundo não ficar por baixo/ Não vai ter frescurinha pra abrir porteira/ E nunca nessa vida depender de macho”). Seu outro hit da fase inicial, a trepidante Pipoco, que abriu o show: “Bota, fivela e chapéu karandá/ Batom vermelho pros playboy chorar”.
Pela Saba, se via várias jovens boiadeiras ou meninas da pecuária, com chapéu de cowboy ou figurino similar ao da cantora. Aliás, o público respondeu com muito entusiasmo ao show, dançando e cantando junto.
Ajuda também o fato de Ana Castela se desdobrar interpretando e realizando as coreografias com animação, além do seu carisma e bom humor. Por exemplo, antes de Alerta de Golpe (“Se usa chapéu e bota e beija mordendo/ Passa longe desses moreno”), ela brincou:
— Cuidado! Se for moreno tatuado passa longe! Já eu passo perto, eu gosto!
Ao apresentar um single mais recente, Sem Você, ela brincou:
— Quem não souber cantar, não tem problema. Só mexe a boca uns 10 segundos, que fica bonito no vídeo.
Relembrando 2017
Além do agronejo, aos poucos, Ana começou a enveredar para o sertanejo mais clássico, e as letras começaram a abordar temas como a vida de solteira e desilusões amorosas. São faixas que a aproximam de cantoras como Marília Mendonça, Simone Mendes e Maiara e Maraisa.
Um bom exemplo é Fronteira, parceria com seu ex-namorado Gustavo Mioto (que participou da gravação). Quando Ana cantou a música, muitos fãs vibraram e alguns casais se beijaram. O mesmo ocorreu com Deja Vu, parceria com Luan Santana, que ela interpretou na sequência.
Aliás, talvez o maior hit de Ana Castela seja a romântica Nosso Quadro, que rememora um relacionamento que não vingou e descreve: “Tem coisas que nem querendo a gente esquece/ Final do ano de 2017/ Eu começando odonto e você na vet/ A sua camisa jeans na minha caminhonete”.
Teve muita boiadeira se esgoelando em Nosso Quadro, talvez lembrando do final do ano de 2017.
Outro hit romântico de Ana, Solteiro Forçado, também ganhou coro na Saba: “Eu tô sendo solteiro forçado/ Eu tô beijando sem querer ser beijado/ Era pra ser você comigo aqui do lado/ Eu tô na bagaceira, mas tô só o bagaço”.
Não faltaram outros sucessos animados de Ana, como Roça em Mim e Canudinho. Foi uma estreia contundente da menina da pecuária, que tende a enveredar ainda mais para o pop. Em entrevista recente, ela brincou que não aguentava mais as letras com “bota e roça”. Talvez venha aí o 1989 — disco de Taylor Swift que marca a transição definitiva da cantora americana do country para o pop — da boiadeira.
Mesmo assim, pelo que se viu na reação do público no Planeta, o agro cantado por Ana já é muito pop.