Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente Michel Temer atacou o procurador-geral da República. Segundo o chefe do Executivo, Rodrigo Janot adotou "atuação mais de natureza política, e quase pessoal". Temer classificou o chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) dessa maneira após ser questionado sobre o pedido da inclusão de seu nome no inquérito que investiga o "quadrilhão" do PMDB. O peemedebista criticou a data escolhida para a solicitação ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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O pedido de Janot foi oficializado na quarta-feira (2), mesma data em que a Câmara dos Deputados votava o futuro da denúncia por corrupção passiva contra o presidente. No documento, Janot pede ao STF que Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) sejam incluídos no rol de investigados de um inquérito já instaurado contra membros do PMDB na Câmara no âmbito da Lava-Jato.
Na entrevista, Temer afirma que as mudanças na PGR darão "rumo certo" para a Operação Lava-Jato. E, conforme o presidente, "o rumo certo é o cumprimento da lei". No dia 17 de setembro, Janot vai deixar o comando da PGR. Em seu lugar, assumirá Raquel Dodge. O presidente também destacou que o Ministério da Justiça avalia possíveis mudanças na Polícia Federal. Ao ser questionado sobre eventual nova denúncia que poderá ser apresentada por Janot, Temer disse vai "enfrentá-la". No entendimento do peemedebista, a acusação rejeitada pela Câmara, na quarta-feira (4), é "pífia, inepta".
Sobre a postura que será adotada pelo governo em relação aos deputados infiéis, que votaram pelo prosseguimento da denúncia contra ele, Temer disse que não haverá retaliações. O presidente destacou que o placar da votação sobre o futuro da acusação – 263 deputados votaram pela rejeição e 227 pela admissão da denúncia na Casa – não é um termômetro para a apreciação da reforma da Previdência, que precisa de 308 votos para ser aprovada no plenário da Câmara. "Muita gente que votou contra mim vota a favor da Previdência", salientou Temer, complementando que não pretende promover reforma ministerial e que não é refém do centrão.