Os presidente nacionais do PT, Gleisi Hoffmann, e PSB, Carlos Siqueira, vão se encontrar nas próximas semanas para abrir um processo de diálogo. A iniciativa, que partiu de Gleisi, marca a tentativa de reaproximação das legendas que caminharam lado a lado durante décadas e, nos últimos anos, se distanciaram.
O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), pré-candidato à sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB), foi convidado para o encontro na condição de integrante da executiva nacional do PSB, mas o PT, por enquanto, descarta a possibilidade de uma aliança no maior colégio eleitoral do país.
– O PT deve ter candidato próprio ao governo de São Paulo – disse Gleisi. – O PSB está passando por mudanças. Tenho conversado com (os senadores João Alberto) Capiberibe e Lídice (da Mata) e solicitei uma reunião com o presidente do PSB – completou a presidente petista.
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Segundo Siqueira, o objetivo do encontro não é eleitoral.
– Temos conversado com muitas forças políticas, estivemos inclusive com o governador Geraldo Alckmin, mas o tema é a conjuntura política. Não queremos adiantar 2018 – disse Siqueira.
Nas últimas semanas, lideranças importantes dos dois partidos se reuniram. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) esteve com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), em sua passagem por Recife.
Ala "histórica" do PSB
Na semana passada o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma visita a Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos, morto em desastre aéreo no dia 13 de agosto de 2014. Siqueira minimizou o encontro.
– Estive com Renata no congresso do PSB de Pernambuco e ela me disse que foi uma visita de caráter pessoal – afirmou.
Nos bastidores do PT, o comentário é que Lula quer aproveitar as divergências internas do PSB, dividido entre os grupos que defendem o apoio ao governo Michel Temer e o que faz oposição ao Planalto, para atrair a ala "histórica" da sigla.
Segundo um alto dirigente petista, não interessa a aproximação com "cristãos novos" como o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) e o próprio Marcio França, considerado pelos petistas como líder do "PSB do Alckmin".
A avaliação no PT é que Lula alcançou o teto eleitoral da esquerda ao atingir algo em torno de 30% das intenções de voto nas pesquisas e precisa ampliar seu potencial de votos para setores do centro. Além disso, o PT conta com parte do PSB caso Lula seja impedido pela Justiça de concorrer em 2018 e tenha de ser substituído por Haddad.