No fim da tarde desta quinta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) repassou à imprensa o áudio da conversa entre o presidente Michel Temer e o dono da JBS, Joesley Batista. O peemedebista teria dado aval para a manutenção da compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PDMB-RJ), preso e condenado na Lava-Jato.
Em um dos trechos, Batista questiona Temer sobre a relação com Cunha. O presidente responde:
– O Eduardo resolveu me fustigar.
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Confira um dos trechos da conversa:
– Bom, tá bom presidente. É tarde, deixa eu te falar. Primeiro, eu vim aqui por dois, três motivos, assim, assim, assado. Primeiro, que eu não tinha te visto, desde que você assumiu – diz Joesley.
– Quando eu assumi? Não. Antes de assumir (se encontraram). Faz uns 10 meses – afirma Temer.
– Eu estive no teu escritório e 10 dias antes ali, quando tava ali naquela briga ainda, naquela guerra pelas "redes social", com golpe... Mas tudo bem. De lá para cá, eu vinha falando com o Geddel, enfim.
– Deu aquele problema grande com o idiota aquele. Uma bobagem – diz Temer.
– É, que bobagem.
– Sem consequência nenhuma. O cara fez um carnaval – diz Temer.
– Andei falando algumas vezes com o Padilha também, mas agora que ele adoeceu, ficou adoentado...
– É – responde Temer.
– Enfim. Aí eu fiquei meio "deixa eu ir lá". Queria primeiro dizer assim, "tamo junto", o que o senhor precisar de mim, me fala.
– Tá. Só espera passar um pouco...
– Deixa eu te ouvir um pouco, presidente. Como é que o senhor tá nessa situação toda aí, dando ordens, não sei o que, com o Eduardo?
– O Eduardo resolveu me fustigar. Você viu que...
– Eu não sei, como é que está essa relação?
– Tá bem, bem. Não tem nada a ver com a defesa dele. O Sérgio Moro indeferiu 21 perguntas dele, tem que ver com a defesa dele, quer me amedrontar. Eu não fiz nada, (inaudível) no Supremo Tribunal Federal. (inaudível). Ele tá aí, rapaz, mas...
– É... eu queria falar, assim... Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali zerou tal e tal. Liquidou tudo, ele foi firme em cima e já tava lá, veio, cobrou, tal tal tal, e eu, pronto. Acelerei o passo e tirei da frente. Um outro menino, companheiro dele que está aqui. O Geddel sempre estava nos cobrindo.
– (inaudível) – Temer.
– Geddel é que andava sempre ali, mas com esse negócio perdi o contato. Ele virou investigado. Agora eu não posso encontrar ele – explica Batista.
– É, é complicado, é complicado (inaudível) – diz Temer.
– Esse negócio dos vazamentos. Telefone lá do Eduardo, Geddel, volta e meia ele citava alguma coisa meio tangenciando a nós, não sei o quê. Eu to lá me defendendo. O que mais ou menos me dei conta de fazer até agora: tô de bem com o Eduardo.
– Tem que manter isso, viu? (inaudível) – diz Temer.
– Todo mês, também. Eu tô segurando as pontas, tô indo. Tem os processos, eu to meio enrolado aqui. Meu processo é assim.
– Mas você tá com os processos? – Temer.
– É investigado, eu não tenho ainda denúncia. Aqui, eu dei conta, de um lado, do juiz. Dá uma segurada. Do outro lado, um juiz substituto que é um cara que fica "hm".
– Tá segurando os dois? – Temer.
– Tô segurando os dois.
– (Inaudível) – Temer murmura algo.
– Eu consegui um procurador dentro da força-tarefa, que também tá me dando informação. E eu lá eu que to dá conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal, e lado ruim é que, se vem um cara com raiva que não sei o que...
Confira a íntegra do diálogo