O deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) é um dos principais personagens da delação da JBS. Apontado pelos investigadores como o suposto intermediário do presidente Michel Temer no repasse de valores da empresa, Rocha Loures entregou, na segunda-feira (22), a mala recebida de um executivo da JBS em 28 de abril, e que estava desaparecida desde então. Na hora de conferir o valor devolvido, a PF constatou que faltavam R$ 35 mil. Nesta quinta-feira (25), o parlamentar afastado depositou o restante do valor, fechando os R$ 500 mil utilizados na operação controlada da PF.
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Mas onde estava esse dinheiro? Veja essa e mais quatro perguntas sem respostas em relação ao caso.
1. Por que a mala não estava com chip?
A Polícia Federal não colocou chip de rastreamento na mala entregue por executivo da JBS ao deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) em 28 de abril. Sem poder seguir a mala, a PF ficou, provavelmente, 24 dias sem saber onde estava o dinheiro, devolvido por Loures, na segunda-feira, com R$ 35 mil a menos. Até o momento, a PF não informou o motivo que levou a corporação a não colocar rastreador no objeto.
2. Por que a mala entregue ao senador afastado Aécio Neves tinha chip de rastreamento e a entregue a Rocha Loures não?
A mala entregue ao intermediário do senador afastado Aécio Neves, seu primo Frederico Medeiros, o Fred, filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil das mãos de um executivo da JBS. Com a ação, foi possível identificar que a quantia foi depositada em contas ligadas ao senador Zezé Perrela (PMDB-MG). A PF ainda não informou porque o procedimento adotado na operação controlada que investigou Aécio não foi utilizado no caso de Loures.
3. A PF de fato perdeu referência da mala durante esses 24 dias?
Ainda não foi esclarecido se a PF ficou sem nenhuma pista da mala com os R$ 500 mil entregues a Loures. O objeto não tinha chip, mas a PF, até o momento, não informou se foram realizados outros tipos de rastreamentos para não perder a localização da mala.
4. Onde ficou a bagagem durante os 24 dias entre o recebimento de Loures e a entrega da PF?
Até o momento, o local onde a mala ficou no intervalo entre a data de entrega a Loures e a devolução à PF não foi informado. O dinheiro pode ter sido usado em outra transação ou ter ficado sob o poder de Loures em sua casa. Os investigadores afirmam que o objeto passou pela casa do pai de Loures, em um primeiro momento. A PF ainda não esclareceu se a mala ou o dinheiro tiveram outros destinos.
5. Onde estão (ou estavam) os R$ 35 mil retirados na mala?
Um dos maiores enigmas envolvendo o repasse de R$ 500 mil a Loures se estabeleceu no momento em que o parlamentar afastado devolveu o montante. Ao efetuar a conferência do dinheiro, a PF constatou que faltavam R$ 35 mil. Até o momento, nem a PF nem Loures esclareceram o motivo da falta do dinheiro. Nesta quinta-feira, o peemedebista realizou depósito judicial com o valor que faltava, mas não foi informado se o dinheiro é o mesmo utilizado na operação controlada que flagrou a entrega da mala. Zero Hora tentou acesso ao recibo do depósito judicial, mas a assessoria do STF informou que o documento não pode ser liberado, porque possui dados confidenciais.
*Zero Hora mandou essas perguntas à Polícia Federal, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria