Dos sete inquéritos em que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é alvo no Supremo Tribunal Federal (STF), cinco deles têm relação com a Operação Lava-Jato e devem ser encaminhados para o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, responsável pelas investigações na primeira instância.
Isso ocorre porque, com a cassação do mandato aprovada pelo plenário da Câmara, Cunha perde o direito ao foro privilegiado e, consequentemente, a prerrogativa de ser julgado pelo Supremo.
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O peemedebista é réu em dois processos oriundos de desdobramentos das investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras. A primeira denúncia contra ele foi feita em fevereiro, em que é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina relacionada a contratos de navios-sonda para a Petrobras.
Cunha também responde a uma ação penal por manter contas secretas na Suíça. A suspeita é de que o dinheiro para abastecê-las teria vindo da compra de um campo de petróleo em Benin, na África.
A Procuradoria-Geral da República também apresentou denúncia contra Cunha no caso que apura um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal, envolvendo recursos desviados do Fundo de Investimentos do FGTS. Há ainda uma investigação que apura se ele recebeu propina nas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, e outra na qual Cunha é suspeito de apresentar requerimentos na Câmara para pressionar o banco Schahin e beneficiar Lúcio Bolonha Funaro, conhecido como seu "operador de propinas".
Todos esses inquéritos estão sob a relatoria do ministro Teori Zavascki, responsável pela Lava-Jato no Supremo, e devem ir para Moro. Os advogados do peemedebista argumentam que algumas investigações, como a relacionada às obras do Porto Maravilha, não têm ligação direta com a Lava-Jato e, por isso, não deveriam ficar com o juiz de Curitiba.
Há ainda a possibilidade de o inquérito que investiga os requerimentos contra o grupo Schahin permanecer no Supremo, porque outras pessoas com foro privilegiado, como o deputado André Moura (PSC-SE), também são investigados.
Dois inquéritos não devem ser mandados para Moro porque não tem relação direta com a Lava-Jato. O mais provável é que esses casos sejam enviados para varas da Justiça Federal de Brasília ou do Rio de Janeiro, Estado de Cunha. Um deles apura a suspeita de que o peemedebista negociava emendas parlamentares que beneficiariam o BTG Pactual, do banqueiro André Esteves. O caso é relatado pelo ministro Celso de Mello. O outro é sobre um suposto esquema de corrupção em Furnas, do qual Cunha foi apontado como "chefe". O relator é o ministro Dias Toffoli.