Para a tropa de choque de Dilma Rousseff na batalha do impeachment, a Operação Custo Brasil serviu para constranger a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), integrante da comissão e mulher do ex-ministro Paulo Bernardo, preso na manhã desta quinta-feira.
– Fizeram para atingi-la –, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
– É difícil pensar numa pessoa mais honesta e íntegra do que a Gleisi Hoffmann aqui no Senado –, completou.
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Colega de Gleisi na comissão do impeachment, o senador disse que "estranhou" as condições da prisão de Paulo Bernardo e das buscas na residência do casal. Lindbergh argumentou que o processo está há mais de um ano na primeira instância da Justiça de São Paulo e que não haveria motivos para os mandados.
Para o petista, ao deter o ex-ministro, a operação mirou Gleisi e driblou o Supremo Tribunal Federal, já que a parlamentar tem foro privilegiado. O senador garantiu que a colega seguirá na comissão, onde tem se destacado na tropa de choque de Dilma.
Lindbergh também questionou o fato da operação ocorrer no dia seguinte à divulgação de um vídeo no qual o tucano Sérgio Guerra (morto em 2014) negocia ajuda financeira milionária para barrar a CPI da Petrobras de 2009.
Nos bastidores, petistas admitem o constrangimento pela situação de Gleisi. Em outra investigação, dentro da Lava-Jato, ela e Paulo Bernardo foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. As apurações indicam que o casal teria recebido R$ 1 milhão de propina em contratos firmados na Petrobras. Eles negam as suspeitas.
A sessão desta quinta da comissão de impeachment começou sem a presença de Gleisi. Líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirma que a operação impacta no discurso político dos petistas, em especial de que o processo contra Dilma teria o interesse de barrar a Lava-Jato:
– A presidente cometeu os crimes de responsabilidade dos quais é acusada. A operação só reforça o conjunto da obra e mostra que seria danoso ao país o retorno da presidente afastada.
Defensor da aprovação do impeachment, Ronaldo Caiado (DEM-GO) evitou comentar a prisão de Paulo Bernardo e o desgaste de Gleisi. Apenas garantiu que a comissão e o plenário do Senado confirmarão a cassação de Dilma.
– Vai continuar o mesmo ritmo –, afirmou.