A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) avalia que a presidente afastada Dilma Rousseff esbarrou na dificuldade para construir um "relacionamento político" que facilitasse a atuação dela à frente do governo. Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira, a parlamentar falou como integrante do PT para fazer mea culpa da gestão de Dilma:
– É óbvio que teve erros (no governo). Acho que uma das maiores dificuldades foi de relacionamento político. Ela (Dilma) é uma gestora. Teve muita dificuldade na composição política.
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Além disso, a senadora afirmou que o PT pecou ao não confrontar o sistema político e propor, com antecedência, uma reforma no financiamento de campanhas. No entanto, Gleisi revela esperar que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proíbe a doação de empresas, traga benefícios ao país.
– Infelizmente, estamos pagando o preço. Não enfrentamos esse sistema – admitiu.
Por outro lado, a senadora ainda atribuiu a crise política à existência de fatores que perpassam as barreiras de seu partido. Para Gleisi, a postura da oposição teve papel crucial nos recentes acontecimentos políticos, como o afastamento de Dilma.
– Desde a eleição de 2014, a oposição se coloca para inviabilizar o governo. Isso dificulta bastante – criticou.
"Nunca fiz negócio com a Petrobras"
Além disso, a petista também falou sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ela e o seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, por corrupção e lavagem de dinheiro. A acusação é de que a campanha de Gleisi ao Senado teria recebido R$ 1 milhão do esquema de propinas da Petrobras.
– Nunca fiz negócio com a Petrobras. Então, é loucura dizer que foi a cota do PT que veio para minha campanha – explicou.
A senadora disse ainda que apoia investigações como a da Lava-Jato. Entretanto, criticou a "exposição demasiada" de alvos da operação, que apura os desdobramentos do esquema de corrupção da Petrobras.