No primeiro dia de campanha eleitoral, os oito candidatos ao governo do Estado tiveram a oportunidade de apresentar suas propostas para temas importantes aos gaúchos em debate promovido pela Rádio Gaúcha.
No segundo bloco, os postulantes ao cargo de governador responderam a perguntas formuladas pelos jornalistas da Gaúcha, e sorteadas durante o programa, sobre temas relevantes para o Estado, como finanças públicas, saúde, segurança e educação.
Veja a seguir o que cada um dos candidatos falou sobre temas prioritários para o Estado:
Ana Amélia Lemos (PP)
Pergunta: Finanças - O aumento de impostos e taxas é uma medida inevitável para combater o déficit das finanças ou há condições de descartar totalmente essa possibilidade?
Resposta: O gaúcho e a gaúcha não têm mais condições de suportar aumento da carga tributaria. É uma carga excessiva e será feito um esforço muito grande para evitar o aumento desta caraga. O que houve neste governo, nos últimos anos foi o aumento da receita mas, aumento em dobro da despesa do Estado. Nós não podemos gastar mais do que arrecadamos.
Faremos um esforço muito grande. Existem 24 secretarias, mais de 4 mil CC's, que serão reduzidos drasticamente. Também estamos em situação complicada porque houve um saque em relação aos depósitos judiciais num total superior a R$ 5 bilhões e isso compromete ao entrar na dívida consolidada do Estado. Isso não foi contabilizado. O Estado estaria impossibilitado de tomar novos empréstimos. Hoje já ha um pedido no Senado de mais um empréstimo de R$ 250 milhões.
Temos que ter um cuidado enorme. Temos que ter mais eficiência, mais compromisso com o cidadão contribuinte com a qualidade do serviço e do gasto. Na saúde 60 toneladas de medicamentos foram jogados no lixo, o que é isto? Falta de cuidado com recurso público e isto a sociedade não aceita mais. Por isso o governo com transparência, prestação de contas e colaborativo à sociedade tem que estar fiscalizando o governo permanentemente, participando com sugestões para evitar que o desperdício bote na lata do lixo o dinheiro valioso do contribuinte e da contribuinte.
Edison Estivalete Bilhalva (PRTB)
Pergunta: Infraestrutura - No seu governo, qual será o modelo ideal para melhoria da situação das estradas? Vai apostar em pedágio público, novas concessões, ou tem alguma outra proposta para recuperação e manutenção das estradas e serviços nas rodovias?
Resposta: Velhos partidos, velhos problemas. O que a sociedade foi para rua pedir na verdade, nos últimos movimentos de junho, em 2013, foi uma renovação. A sociedade quer renovação e é isso que nos vamos propor. O PRTB tem por causa o trabalhismo participativo. Vem lá desde o Getúlio Vargas. Somos um grupo que ficou um pouco mais à direita daquele grupo.
Como é que se busca a solução? Não é só levantar a cancela do pedágio. Levantar a cancela e não ter ambulância para atender e a rua continua esburacada. É o que estamos vivenciando no Estado. Ontem fui a Santo Ângelo, 700 quilômetros ida e volta aproximadamente, e realmente não tinha pedágio, mas não tinha ninguém para atender em situação nenhuma.
Eu acredito que parcerias público-privadas sejam uma das formas para que os investimentos que sejam colocados neste local sejam direcionados para cada região. Vamos manter a EGR, mas não vamos fazer com que o bombeiro da Brigada vá la atender com sua ambulância, mas que haja atendimento por equipes especializadas. Quem está atendendo são os bombeiros da Brigada, alias parabéns para você bombeiro, que agora será bombeiro militar. No meu gabinete vai ter um coronel bombeiro militar, junto com a Defesa Civil. Vamos ter em todo o Rio Grande do Sul junto com os prefeitos, um bombeiro em cada município. Assim como tem brigadiano vamos atingir todos os municípios.
Humberto Carvalho (PCB)
Pergunta: Educação - O senhor pretende pagar o piso nacional do magistério mantendo o plano de carreira do magistério?
Resposta: Nós também temos uma visão diferenciada da questão educação. Entendemos válidas as experiencias como Cieps (Centros Integrados de Educação Pública), as escolas feitas pelo grande líder Leonel Brizola. Mas entendemos a necessidade de uma reformulação em relação ao trabalho do professor.
Nós entendemos que é impossível que um professor para poder sobreviver tenha que ter três ou quatro contratos ou trabalhar em mais de uma escola. Nós queremos fazer uma reforma no sentido de que o professor vai cumprir seu horário integral na escola, mas somente em meio expediente dará aula e no outro fica na escola a disposição do aluno estudando planejando suas aulas corrigindo provas, enfim, buscando aprimoramento pessoal. Para o profissional é impossível que continue dessa forma.
Para finalizar, vamos cumprir, custe o que custar, integralmente o piso salarial nacional.
João Carlos Rodrigues (PMN)
Pergunta: Finanças - A despesa com aposentadoria representa atualmente mais de 50% do total da folha de pagamento do Estado. Este desequilíbrio entre ativos e inativos só aumenta. Como custear isso, o senhor pretende aumentar o índices de contribuição?
Resposta: Eu vejo que nós não podemos começar a criar novos tributos ou aumentar taxas. O governo tem que ter responsabilidade maior e parar de pagar coisas q não são necessárias, são fúteis. Uma delas são investimentos em publicidade que o governo faz.
Na verdade isso é obrigação do governo fazer, ele não tem essa necessidade de mostrar o que sta fazendo para população gaúcha.
José Ivo Sartori (PMDB)
Pergunta - Segurança pública: Qual é sua proposta para o policiamento ostensivo? O senhor pretende aumentar o numero de brigadianos nas ruas? Em quanto e que regiões seriam priorizadas?
Resposta: Acho que esta questão da segurança é tão importante para vida das nossas famílias e comunidades das cidades e dos municípios que, o próprio Governo Federal quando trata da questão de segurança tem se envolvido tão pouco e não repassado aos estados o mais importante. A segurança deve ser também do aumento do efetivo policial, no aumento das condições, mas é preciso em primeiro lugar ter integração entre os organismos de segurança.
Em segundo lugar tivemos uma experiência com comissões internas de prevenção de acidentes e violência escolar que hoje é um problema do Estado. Para as escolas, nós temos que educar crianças e jovens para a não violência. A cultura da paz. Esta é uma maneira e nós não podemos continuar com a impunidade existente em todas as áreas e todas as formas. Se nós não educarmos nossa juventude e prepararmos nossa gente, vamos ver como se fosse natural essas coisas acontecendo no País.
É preciso efetivo, organização, estruturação, caminhar mais celeremente e vontade política pra fazer isso. É necessário investimento, mudanças profundas, inclusive na área prisional. Todo mundo enxerga uma notícia aqui, uma imagem lá, realmente preocupa demasiadamente. Não vou fazer governo para o nosso partido e sim para o Rio Grande.
Roberto Robaina (PSOL)
Pergunta: Infraestrutura - O senhor é a favor de parcerias público-privadas? Se sim, em que setores e de que forma? Se não, de onde sairia o dinheiro para obras no Estado?
Resposta: Primeiro, eu queria retomar um tema que considero central do debate anterior e que vai perpassar todo o debate eleitoral. O tema da dívida, nós temos um problema de falta de investimento, evidente. De precaridade na infraestrutura. O Sartori me perguntava sobre as manifestações. As manifestações de junho, infelizmente, não tiveram suas demandas atendidas. Elas tinham como eixo o transporte público de qualidade, saúde pública de qualidade e educação pública de qualidade. Para que isso ocorra é evidente que é necessário recurso público.
Hoje nós temos uma lógica de que uma grande parte de recursos públicos têm sido para sustentar as grandes empresas privadas ou o capital financeiro, o que é ainda mais grave. No caso do Rio Grande do Sul, o tema da dívida estadual, nós em 1998, isso é muito importante a população agarrar esses dados, dominar esses dados e cobrar dos governantes eu acho que o nosso Estado.
O governo do Rio Grande do Sul tem sido fraco no combate, tem aceito a lógica do capital financeiro, que é uma lógica que faz com que 13% das nossas receitas sejam drenadas para os cofres da união. Mas é muito importante ter o dado. Em 1998, eram R$ 10 bilhões a dívida. Até o ano passado se pagou R$ 20 bilhões e agora se deve mais de R$ 40 bilhões. Qual a lógica? Tem uma dívida de R$ 10 bilhões, se paga 20 e ainda tem 40? É evidente que essa dívida já foi paga. É evidente que o capital financeiro domina a política brasileira. Ao dominar a política brasileira, isto também vale para a política federal, o capital financeiro garroteia o Estado e faz com que nossos discursos sejam drenados para sustentar as 5 mil famílias, que são as 5 mil famílias que se beneficiam do recurso público. Infelizmente, no Estado não se fez auditoria, nem se suspendeu pagamento.
Tarso Genro (PT)
Pergunta: Saúde - Se eleito, o que o senhor pretende fazer para resolver problemas de superlotação de emergências e hospitais públicos e garantir o acesso dos pacientes a consultas especializadas?
Resposta: Eu queria, afastando o derrotismo que eu vi em algumas colocações, dizer que o Estado vive um momento excepcional. Quando eu vejo alguns candidatos falando aqui, eu vejo mais eles falando em um governo anterior, quem sabe dois, do que da realidade que o Estado está vivendo. PIB industrial 7,3%, 6,3% do PIB do Estado, incomparável, o dobro, o triplo do País. Duas safras de 30 milhões de toneladas. Uma carteira de investimentos privados que atraímos de todo o mundo, de R$ 40 bilhões. Atração do maior investimento da história do Estado, R$ 5 bilhões na Companhia de Celulose Riograndense.
O Rio Grande do Sul vive outro momento, o Rio Grande do Sul tem pleno emprego, é invejável a situação do Estado em relação aos demais estados. Por que nós utilizamos financiamentos internacionais e recursos do poder judiciário, de depósitos judiciais? Porque se não o Estado estaria parado, teria que fazer plano de admissão voluntária, arrocho salarial, teria que levar o Estado ao sucateamento das suas funções públicas em relação à saúde. Nós já fizemos, pela primeira vez, 12% para a saúde pública. Para que vocês tenham ideia, hospitais filantrópicos e casas de saúde repassamos, R$ 1,7 bilhões. No governo anterior foi R$ 417 milhões.
O Estado não é isso que estão dizendo, eles estão se reportando a um Estado paralisado, estagnado, oprimido como foi na situação anterior. O Estado está alavancando em realção ao futuro.
Vieira da Cunha (PDT)
Pergunta: Segurança pública - Qual deve ser a postura da Brigada Militar em protestos com depredação de patrimônio público e privado?
Resposta: A questão da segurança pública é muito séria acho que não to vivendo no mesmo Estado de Tarso Genro. Ele traçou que estamos bombando e crescendo na segurança. É um caos. Foi divulgado um mapa da violência, 22 homicídios por 100 mil habitantes. Se dizer que o Rio Grande do Sul está bem, saindo aqui temos que nos cuidar. Temos que olhar para os lados, podemos ser assaltados. Isso é inadmissível porque não tem padrão Fifa, quando teve, não houve índice de criminalidade com essa defasagem de Polícia Militar.
O Collares quando saiu, Tarso, tinha quase 30 mil, agora tem 6 mil a menos. Como fazer segurança, prevenção com essa defasagem de efetivo. Esse é o quadro da segurança pública aqui no Estado do Rio Grande do Sul.
Quanto a esta questão da depredação, uma coisa é manifestação, eu sou de uma geração que lutou contra a ditadura mas nunca usamos máscaras e muito menos dilapidamos patrimônio público, menos privado. Manifestação sim, depredação não. A Brigada Militar tem que cumprir com sua função que é garantir a ordem pública e reprimir o criminoso. Dilapidador de patrimônio público e privado é criminoso e como tal tem que ser tratado. Assim serão sob o governo de nossa responsabilidade.
Confira, na íntegra, o segundo bloco do debate: