Os condenados à prisão no escândalo do mensalão ganharam do Supremo Tribunal Federal a chance de passar o penúltimo feriadão do ano em liberdade. No Natal, todos os que não têm direito aos embargos já deverão estar cumprindo pena e, em vez do peru e do champagne a que estão acostumados, encararão a quentinha do presídio ou a ceia que a família levar.
O ex-ministro José Dirceu não passará o último feriado em liberdade na paradisíaca praia de Itacaré, no litoral sul da Bahia, de onde acompanhou a sessão de terça-feira. Ontem, ele retornou para São Paulo com a família para discutir com os advogados a forma como vai se entregar à Polícia Federal. É improvável que Dirceu seja fotografado em um camburão, algemado ou escondendo o rosto com uma peça de roupa. Quem o conhece tem convicção de que ele se antecipará à ordem de prisão para evitar cenas constrangedoras.
Depois de os ministros do Supremo decidirem que o cumprimento das penas seria imediato, imaginava-se que as primeiras ordens de prisão seriam emitidas ontem mesmo pelo presidente da Corte, Joaquim Barbosa, mas ele deixou para depois do feriadão.
Na sessão de ontem, os ministros nem sequer trataram do mensalão. Os técnicos do Supremo ainda precisam fechar as contas para ver, em função dos embargos, quem vai para o regime fechado, quem vai para o semiaberto, quem ficará no aberto e quem só terá de prestar serviços à comunidade.
Sem a condenação por formação de quadrilha, que é alvo de um embargo a ser analisado só em 2014, Dirceu iria para o regime semiaberto, em São Paulo ou em Brasília. Se ele pedir para cumprir a pena em São Paulo, o juiz de execução penal esbarrará num problema prático: o Estado tem 6 mil presos com direito a progressão de regime esperando por uma vaga no semiaberto. Por não oferecer risco à sociedade, Dirceu poderia aguardar a abertura de vaga em prisão domiciliar, mas, se fizer essa opção, o juiz encarregado do cumprimento da pena será acusado de favorecer o mais famoso dos réus.
Opinião
Rosane de Oliveira: "Talvez o último feriadão antes da cadeia"
Rosane de Oliveira
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