Correção: a declaração do candidato Miguel Rossetto (PT) relativa aos valores da receita corrente líquida e da despesa com pessoal em 2018 está correta e recebeu o selo "É Verdade", conforme dados da Secretaria Estadual da Fazenda. Das 14h29min às 16h21min de 4/10/2018, a frase foi classificada incorretamente com o selo "Não é bem assim". O texto foi corrigido.
Criado em 2014, o É isso mesmo?, mecanismo de checagem de GaúchaZH, entra em nova fase em 2018, com foco na cobertura eleitoral. Para isso, ganhou o reforço dos repórteres do Grupo de Investigação da RBS (GDI), que conferiram as declarações dos candidatos ao governo do Estado no primeiro debate da campanha eleitoral para o governo do Rio Grande do Sul, na Rádio Gaúcha, e na série de entrevistas publicada em GaúchaZH.
Tiveram declarações checadas os candidatos Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Julio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL). Apenas Paulo de Oliveira Medeiros (PCO) não atendeu ao pedido de entrevista.
Confira, abaixo, as declarações de Miguel Rossetto checadas pelos repórteres do GDI:
Debate na Rádio Gaúcha
Publicado em 16/08/2018
O presidente Lula e a presidenta Dilma investiram muito no Rio Grande do Sul, muito. Nós investimos nas universidades públicas, está aí a Unipampa, a Universidade da Fronteira Sul. Milhares de jovens estudando. Os institutos federais, mais de 30.
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É verdade
As universidades federais do Pampa (Unipampa) e da Fronteira Sul (UFFS) foram instituídas durante a gestão de Lula, a partir de 2008. No mesmo período foram criados os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. O Estado conta com três institutos, e não "mais de 30" como o candidato afirmou. Quando levados em conta o número de campi de cada instituição no Estado, aí sim o número ultrapassa 30.
(O plano de recuperação fiscal) Joga a dívida do Estado, que é grande, pra frente, com juros e correção monetária. Portanto, não é nenhuma redução da dívida. Vende patrimônio público e proíbe, neste acordo, contratação de policiais e professoras.
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Não é bem assim
O candidato acerta ao afirmar que o plano de recuperação fiscal não prevê perdão da dívida e joga o pagamento para o futuro, em valores corrigidos. Mas é imprecisa a afirmação de que proíbe a contratação de policiais e professoras.
O inciso 4º do artigo 8º da lei complementar nº 159, de 19 de maio de 2017, que institui o regime de recuperação fiscal, diz que é vedada ao Estado, durante a vigência do acordo, "a admissão ou a contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacância de cargo efetivo ou vitalício". Ou seja, é permitida a contratação de policiais e professores desde que para suprir cargos efetivos ou vitalícios que estejam vagos. É o caso, por exemplo, de servidores que se aposentam.
Um Estado com desemprego: 510 mil trabalhadores desempregados neste Estado.
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É verdade
Pesquisa do IBGE recentemente publicada informou que o RS fechou o primeiro trimestre de 2018 com população de desempregados estimada em 510 mil pessoas. Já no segundo trimestre de 2018, o Estado registrou 494 mil sem emprego, também segundo o IBGE.
Entrevista a GaúchaZH
Publicada em 17/09/2018
Em torno de 30%, 40% dos apenados não têm sentença definitiva. Temos que avaliar isso.
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É verdade
Conforme mapa da população carcerária no Rio Grande do Sul, em 11 de setembro o número de presos provisórios chegou a 13.720, equivalente a 34,2% do total dos detentos, que soma 40.057.
Quando fui eleito vice do governador Olívio Dutra em 1998, MDB, PSDB e PP diziam que não pagaríamos salários se não vendêssemos o Banrisul e a Corsan. Não vendemos e nunca atrasamos salários.
Leia a entrevista
É verdade
O candidato está correto ao afirmar que o governo Olívio Dutra (PT), entre 1999 e 2002, nunca vendeu estatais nem atrasou salários. Desde eleito, Olívio elencou como prioridade o pagamento dos servidores.
O último mês de governo foi o mais complexo para cumprir a promessa devido ao 13º. Para garantir o pagamento, Olívio usou recursos do acordo de estadualização das rodovias, firmado às pressas com o governo federal, e fez os depósitos na véspera do Natal. No período, Rossetto chegou a se instalar em Brasília para assegurar a negociação. Mesmo pressionado pela oposição, o governo também manteve o Banrisul e a Corsan sob a administração estadual.
Estamos há três anos com queda na atividade econômica, quase 8% de queda, sem contar 2017 porque Sartori conseguiu a proeza de acabar com a FEE e não temos o PIB de 2017.
Leia a entrevista
Não é bem assim
O Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho não ficou imune à recessão e teve queda acumulada de 7,6% em três anos (2014, 2015 e 2016), segundo dados revisados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), citada por Rossetto. O percentual se aproxima dos 8% mencionados pelo candidato.
Quanto ao PIB de 2017, o governo do Estado encerrou em abril de 2018 as atividades da FEE e firmou convênio com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para realizar o levantamento. Desde que foi contratada, a Fipe fez apresentação, em junho, sobre a atividade econômica gaúcha, que abrange dados de 2017. Isso foi desconsiderado na fala do candidato. Houve mudanças na metodologia da pesquisa, o que gerou críticas de defensores da FEE, mas a Fipe declarou que o levantamento pode ser tratado como cálculo do PIB, porque permite medir o desempenho da economia do Estado.
Conforme a entidade paulista, o indicador cresceu 1% em 2017. O avanço gaúcho está no mesmo nível do registrado pelo PIB nacional, de 1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em outros Estados, também houve alta. No Paraná, o crescimento no ano passado foi superior, de 2,5%, conforme o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Neste momento, a Fipe evita comentar assuntos relacionados ao cálculo do PIB, já que, em julho, a 7ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre determinou a suspensão do contrato com o Piratini. A medida é liminar e ainda pode ser revertida. Por ora, há impasse sobre o futuro do levantamento.
Debate na RBS TV
Publicado em 4/10/2018
O atual governo, candidato Sartori, quer assinar um documento com Temer que proíbe que o próximo governador possa contratar novos policiais, o que é absolutamente inaceitável.
Não é bem assim
A Lei complementar nº 159, de 19 de maio de 2017, que institui o Regime de Recuperação Fiscal, não proíbe completamente a contratação de novos policiais nem de quaisquer outros servidores. O artigo 8º, no inciso 4º, diz que, durante a vigência do acordo com a União, fica proibida "a admissão ou a contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacância de cargo efetivo ou vitalício". Ou seja: embora a lei imponha restrições, cargos vagos por motivos de aposentadoria ou morte, por exemplo, podem ser preenchidos.
Tenho assumido um compromisso claro de pagar em dia o salário de professores, policiais e servidores. E digo aqui dois números para provar que é possível pagar em dia esses salários. A receita corrente líquida, em 2018, foi de R$ 24 bilhões, enquanto que toda a despesa com pessoal, foi de R$ 17 bilhões.
É verdade
De acordo com o mais recente demonstrativo da despesa com pessoal, disponível no site da Secretaria Estadual da Fazenda, o gasto com funcionalismo foi de R$ 16,98 bilhões até o segundo quadrimestre de 2018 no Executivo, o que coincide com o valor citado por Rossetto (de R$ 17 bilhões). Quanto à arrecadação, Rossetto também está correto ao afirmar que a receita corrente líquida (RCL) foi maior do que o gasto com pessoal. Segundo o Relatório Resumido de Execução Orçamentária do 4º bimestre de 2018, publicado pela Secretaria da Fazenda, nos oito primeiros meses do ano a RCL soma R$ 24,044 bilhões.Cabe ressaltar que o Estado tem uma série de outros compromissos que também são bancados com esse dinheiro e, atualmente, falta cerca de R$ 1 bilhão por mês para quitar tudo. Há atrasos, por exemplo, no pagamento de fornecedores e das verbas para municípios e hospitais.
(Sartori) silenciou quando 25 mil agricultores familiares foram retirados da produção do leite.
Não é bem assim
Em relação ao número citado, conforme o estudo mais recente da Emater, que comparou a quantidade de famílias que vendem leite para a indústria entre 2015 e 2017, a redução foi de 19 mil e não 25 mil, como disse Rosseto. Pelas regras estabelecidas na checagem, a variação (24% abaixo) ficou dentro do conceito "Não é bem assim", que compreende a faixa acima de 10% até 30%. Segundo o assistente técnico estadual da instituição Jaime Ries, a Emater é o único órgão a realizar esse tipo de estudo. O dado consta no Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite. GaúchaZH também entrou em contato com o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS) e com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag-RS), e as duas entidades disseram que utilizam os números da Emater em suas análises.
Critérios de classificação
É verdade
A informação está correta e corresponde a dados e estatísticas oficiais.
Não é bem assim
Apenas parte da sentença está correta.
Não procede
O interlocutor está equivocado na informação que afirma.
Regras de checagem
1) São checadas as informações que têm verificação possível em fontes oficiais.
2) Os temas escolhidos levam em conta a relevância.
3) Os candidatos não são procurados pela reportagem.
4) Em caso de números arredondados pelos candidatos, os critérios utilizados pela equipe são:
— se a variação for de até 10%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "É Verdade"
— se a variação for acima de 10% e até 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não é bem assim"
— se a variação superar 30%, para mais ou para menos, a informação é classificada como "Não procede"
5) A equipe está aberta a contestações por parte dos candidatos, que posteriormente serão avaliadas pelos checadores.
Veja também
O GDI chegou as declarações dos outros candidatos presentes no debate. Confira: