Pela sétima vez, Elói Frizzo (PSB) vai assumir uma cadeira na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. Um feito que poucos políticos caxienses conseguiram alcançar. Com uma trajetória que passou pelo regime militar (1964-1985), sendo eleito pela primeira vez em 1982, com 27 anos, Frizzo recebeu 1.136 votos nas eleições de 2024 e assumiu o lugar de Rodrigo Weber (PSB), que se tornou secretário de Gestão Urbana. Zé Dambrós seria o primeiro suplente, mas também foi chamado para o governo de Adiló Didomenico (PSDB), para o cargo de coordenador das Relações Comunitárias.
Além ocupar uma cadeira no Legislativo por sete vezes, sendo cinco como titular e duas como suplente, Frizzo foi vice-prefeito de Flávio Cassina (à época no PTB, hoje no PRD), que assumiu a prefeitura após o impeachment de Daniel Guerra. Então, ele se considera "cascudo" quando a discussão é sobre áreas da cidade. O político também disse que estará aberto para debates — desde que não ataquem a democracia.
Além disso, Frizzo destacou algumas de suas prioridades neste novo mandato, como a construção da chamada Terceira Perimetral na zona sul da cidade (ou Contorno Sul, do Campus 8, na RS-122, até a BR-116, na região de Parada Cristal, passando por Galópolis) e a preservação do meio ambiente. Confira abaixo a entrevista completa.
Pioneiro: Qual é a sensação de assumir pela sétima vez como vereador?
Elói Frizzo: Eu tenho uma história de militância política, que vem lá dos anos 1970 ainda. Comecei muito cedo, eu tinha 15 anos. Mas, para mim, é sempre novidade, porque na realidade eu estou cinco anos fora da Câmara. Eu não tinha intenção de concorrer, confesso que eu já estava pendurando a chuteira. E aí o partido (PSB) me pediu que eu ajudasse a compor a lista de candidatos a vereador para manter a bancada e acabei ficando. Eu sei que na política não tem espaço vazio, quando tu fica muito tempo fora, para tu recuperar aquele espaço que tu tinha, é muito difícil. Então, minha votação foi menor do que eu imaginava, mas possibilitou que eu ficasse na segunda suplência. Estou voltando para cumprir um papel, mais do ponto de vista, de apoio à atual administração. (Espero que o novo governo) Consiga resolver os problemas que enfrentou na primeira gestão com essa frente mais ampla que o Adiló compôs. Acho que isso vai ser possível.
Uma das minhas principais prioridades é a questão da Terceira Perimetral, do Contorno Sul, que nós temos de tirar do papel, porque isso dialoga com o futuro da cidade
ELÓI FRIZZO (PSB)
Vereador
Quais são suas prioridades neste mandato?
Tem demandas urgentes que a cidade tem que resolver, principalmente do ponto de vista de infraestrutura e de mobilidade urbana. E a questão principal que eu coloco é ter uma definição clara sobre a cidade que nós queremos daqui para a frente. Nós queremos invadir as bacias de captação? Ou queremos conurbar com Farroupilha, São Marcos e Flores da Cunha? Então, são definições que, obrigatoriamente neste mandato, vão ter que ser tomadas. E isso me motivou a vir para a Câmara, por exemplo, as revisões das legislações que tratam do uso do solo, da proteção aos mananciais, com projetos que envolvem as bacias de captação, a questão do Samuara e tal. Além da revisão, a partir de 2027, do novo Plano Diretor. Eu, historicamente, sempre participei desse tipo de discussão. Então eu venho mais no sentido de contribuir para que Caxias tenha uma legislação moderna, adequada ao tempo que nós estamos vivendo. Uma das minhas principais prioridades é a questão da Terceira Perimetral, do Contorno Sul, que nós temos de tirar do papel, porque isso dialoga com o futuro da cidade.
E como o senhor vai trabalhar a sua relação com a legislatura atual, dado que há mais vereadores de direita?
Eu não conheço uma boa parte dos novos vereadores que se elegeram. Tudo uma gurizada nova, cheia de ideias, de rede social e tal, mas de prática? Zero. Mas eu sou bem cascudo. Para quem militou num período difícil da vida nacional, que nem no regime militar, que tu tinha um delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social, era um órgão que tinha a função de assegurar e disciplinar a ordem militar no país) sempre atrás de ti, conviver com "meia dúzia de guri inexperiente", bom, eles vão aprender comigo, eu vou aprender com eles. Mas eles também não podem deixar de levar em conta a minha experiência. Eu sou uma pessoa que, eu digo com muito orgulho, eu conheço essa cidade de cima para baixo, seus distritos, seus problemas. Então, para vir para um debate comigo, discutindo as questões da cidade, eu espero que vá dar boas contribuições, até para trocar experiências com eles. Então, estou de boa. Eu só vou ser muito, eu diria assim, rigoroso quando entrar em discussão a defesa da democracia. Também vou ser um defensor do Governo Lula-Alckmin, sem dúvida nenhuma, e vou combater o bolsonarismo, que tem que ser enterrado, porque o autoritarismo já foi vencido quando acabou o regime militar.
Quais são as suas expectativas com o segundo Governo Adiló?
Eu acho que, com a composição que ele fez com o (Edson) Néspolo (do União Brasil), que é uma pessoa muito experiente, agrega ao Adiló uma visão nova, de tocador de obras. E eu acho que estão criadas as condições para fazer um grande número de entregas, como o aeroporto (de Vila Oliva), que está bem encaminhado, e eu tenho orgulho de dizer que, enquanto vice-prefeito, fui eu que encaminhei a questão da compra da área, óbvio que com a presença do Cassina também. Mas eu diria que nós temos aí um monte de gargalos. Acho que com o Zé Dambrós na Coordenadoria das Relações Comunitárias, a minha expectativa é de que o governo tenha uma melhor relação com as comunidades, especialmente com o movimento organizado, como as associações de moradores. A gente vai estabelecer essa ponte que o (ex-prefeito cassado Daniel) Guerra quebrou e que agora nós viemos para construindo de novo.
Vou ser defensor do Governo Lula-Alckmin, sem dúvida nenhuma, e vou combater o bolsonarismo, que tem que ser enterrado, o autoritarismo já foi vencido quando acabou o regime militar
ELÓI FRIZZO
Vereador