A partir de hoje, abre o período da janela partidária, prazo permitido por lei para que vereadores possam mudar de partido sem perder o mandato. As articulações em Caxias do Sul são tratadas em reuniões reservadas entre presidentes de partidos e parlamentares. Entre os motivos para as trocas estão as divergências internas, a busca por recursos financeiros e a procura por valorização política. Neste ano, com a proibição da coligação para a eleição proporcional, os vereadores também procuram partidos com candidatos a prefeito para dar mais visibilidade às suas candidaturas.
Em Caxias do Sul, a mudança será pequena, mesmo assim politicamente significativa. Dos 23 vereadores, existe a possibilidade de cinco confirmarem a mudança de sigla. O número representa 21,74% dos parlamentares.
Depois de alguns ensaios com o PTB, o vereador Rodrigo Beltrão acertou a saída do PT para o PDT. Ele está no terceiro mandato e se elegeu com 2.218 votos no pleito de 2016. A confirmação deverá ocorrer no dia 12 de março, no mesmo evento em que os trabalhistas devem anunciar Edson Néspolo como pré-candidato à prefeitura de Caxias.
O presidente do PDT caxiense, Maurício Flores, age com cautela ao confirmar a ida de Beltrão para a sigla, mas reconhece o interesse em contar com o vereador para a próxima eleição.
– A gente está numa construção, estamos conversando com ele (Beltrão). A gente gostaria dele no PDT. Seria uma grande aquisição para o partido, mas depende dele. O nosso diálogo tem sido muito bom.
Outra mudança confirmada é do vereador Edson da Rosa. No quarto mandato pelo MDB, ele está de saída para o PP. Edson foi reeleito com 3.615 votos. A data para a oficialização de Edson no PP ainda não está definida, mas deverá ocorrer com a presença do senador Luis Carlos Heinze. O ato de filiação pode acontecer já nesta sexta-feira (6).
– O partido vai fazer um evento bonito, um momento diferente. Queremos pessoas com os princípios próximos dos nossos – disse uma fonte do Progressista à reportagem.
Mudanças reconhecidas
O vereador Velocino Uez reconhece que pode deixar o PDT durante o período da janela partidária. Porém, a candidatura à reeleição e a mudança de partido estão condicionadas a liberação médica. Uez obteve 3.145 votos e foi o oitavo vereador mais votado entre os 23 eleitos em 2016. Ele conta que recebeu convite de dois partidos: PSDB e Solidariedade, além de sondagens do PTB e do PP. A reportagem apurou que a tendência também é a filiação ao PP.
– Existe chance de ficar no PDT, mas existe muito mais chance de sair.
Uez deve anunciar seu destino político após uma consulta médica marcada para o dia 24 de março.
Eleito para o primeiro mandato com 1.850 votos, Alberto Meneguzzi, do PSB, também é outro vereador que não descarta deixar o partido no período da transferência. Ele conta que, informalmente, conversou com a presidente do PT, Joceli Veadrigo, e com o presidente do PDT, Maurício Flores.
– Estou muito descontente com a posição do partido (PSB) no governo (do prefeito Flávio Cassina), mas não tem racha. Minha decisão depende da linha que o PSB tomar para as próximas eleições. Temos uma reunião no dia 9 de março. Tenho tempo para pensar. Ainda tenho utopias na política. Não descarto a minha saída – disse Meneguzzi.
Nos bastidores da Câmara, há comentários de que a vereadora Tatiane Frizzo (Solidariedade) poderá sair do partido. O destino dela poderá ser o PSDB. Ela assumiu a vaga do vereador Neri, o Carteiro (SD), que foi eleito deputado estadual. Tatiane fez 769 votos nas eleições municipais de 2016. Um dos motivos para a saída seria a ausência de um candidato a prefeito para dar visibilidade a sua campanha de reeleição.
Questionado sobre a possibilidade, o presidente do Solidariedade, Márcio Amaral, diz que já ouviu “boatos” sobre a troca, mas que não tem posição da vereadora. Procurada, não atendeu à reportagem.
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