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No salão, enquanto pintava as unhas de olho na sofrida partida entre Brasil e Costa Rica, alguém comentava: "Ah, o que vai mudar na tua vida se o Brasil ganhar?" No grupo do WhatsApp da família, um tio reclamava que não era possível torcer pela Seleção com a corrupção que toma conta do país. No Facebook, em meios aos memes do tombo de Tite, a repercussão da morte trágica do menino Marcos Vinícius, 14 anos, baleado em confronto entre traficantes e policiais na Favela da Maré, no caminho para a escola e críticas pela intervenção no Rio.
A cada Mundial, os discursos do pão e circo se repetem. A Copa de 1970, no México, talvez seja o exemplo mais emblemático. A vitória da seleção foi explorada pelo governo do general Emílio Garrastazu Médici e o que representava torcer pelo Brasil era debate presente principalmente entre setores da classe média. Cientista político, João Ignácio Pires Lucas lembra que, nas três Copas seguintes, persistia a aversão aos símbolos nacionais, especialmente na juventude, o que foi diminuindo ao longo do tempo, mas retornou agora. Em 2014, com a Copa no Brasil, a então presidente Dilma Rousseff (PT) estimulava a torcida pelo Brasil, por ser uma conquista das gestões petistas.
— Os governos acabam gerando aversão aos símbolos. Tem os escândalos da CBF que vão afugentando as pessoas. Mas nada impede que, no próximo contexto, seja diferente — avalia Pires Lucas, professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A politização de todas as esferas, uma tendência na visão do cientista político Marcos Paulo dos Reis Quadros, professor do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), até pode ser positiva por representar um despertar de consciência, mas, segundo ele, é preciso ter cuidado para não haver extremismos nem ideologização excessiva. O normal é que a população acompanhe, e o ideal é que não haja uso político do instrumento, que é de entretenimento.
— A Copa é um jogo competitivo. Serve de orgulho de uma tradição do futebol — destaca.
Defensor do esporte como fomentador da inclusão social, o vereador Felipe Gremelmaier (MDB), acredita que a Copa, além de um momento de diversão, pode servir de oportunidade para o Brasil se comparar com outras nações e aprender como elas se desenvolveram.
— Acredito que a gente deve torcer, mas tem de separar bem. Não podemos aproveitar a Copa para encobrir os problemas do país — acrescenta o parlamentar.
QUEM GANHA NA RÚSSIA
:: Pires Lucas aposta em algum país da Europa como Espanha, França ou Alemanha. – Talvez a Rússia possa surpreender – diz ele.
:: Reis Quadros não tem acompanhado os jogos, mas torce pela Seleção Brasileira.
:: Gremelmaier acredita em uma recuperação da Alemanha, mas acha que, no momento, quem mais tem chances são Brasil e Espanha.
'Pra frente, Brasil', jingle que ficou na memória
Um dos temas musicais de Copa mais conhecidos é o de 1970, quando o Brasil ainda vivia sob regime militar. O presidente Médici, apresentado como um apaixonado por futebol, aproveitou a boa fase para colar o governo na Seleção Brasileira.
Faz parte dos bastidores daquela época a intenção de Médici de interferir na convocação, chamando o centroavante Dario e, por isso, João Saldanha deixou o comando técnico, sendo substituído por Mário Zagallo.
É célebre a frase de Saldanha:
— Ele (Médici) escala o ministério, eu convoco a Seleção.
A MÚSICA DA COPA DE 70
Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos pra frente Brasil!
Salve a seleção!
Gol!
Somos milhões em ação
Pra frente Brasil, no meu coração
Todos juntos, vamos pra frente Brasil
Salve a seleção!!!
De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão!
Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!
Todos juntos vamos
pra frente
Brasil, Brasil!
Salve a seleção!
Todos juntos vamos
pra frente Brasil, Brasil!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!
Salve a seleção!