Na tentativa de convencer o novo Conselho Municipal de Saúde a aprovar o projeto de gestão compartilhada do Pronto-Atendimento (PA) 24 Horas, o prefeito Daniel Guerra (PRB) levou nesta terça-feira os novos titulares e suplentes para conhecer as estruturas do Postão e da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Zona Norte. Os novos membros serão empossados na próxima terça-feira.
A visita à UPA, inaugurada em 20 de setembro, despertou curiosidade dos conselheiros. A unidade é administrada pelo Instituto de Gestão e Humanização (IGH) em um formato que a prefeitura deseja implementar no Postão, mas depende da concordância do conselho.
— Vocês devem perceber que a UPA não deve em nada para plano de saúde – comentou Guerra ao percorrer os corredores da unidade acompanhado da diretora da UPA e da secretária de Saúde, Deise Piovesan.
Quando mostrou a sala do Raio X digital, fez questão de frisar:
— Não tem no Postão.
Da UPA, o ônibus que levava o grupo partiu para o Pronto-Atendimento, no Centro, com uma realidade bem diferente. Os próprios conselheiros reconheceram a precariedade do prédio no Centro, que já tem 20 anos. Com as reclamações dos servidores que cumpriam expediente, o clima tornou-se tenso. Uma conselheira apontou que não era possível comparar um prédio novo da UPA com o PA, que está sem manutenção.
Guerra respondeu:
— A UPA é o nosso jeito de administrar. E temos de discutir o que é melhor para o usuário. Faz décadas que não é feita manutenção (no Postão). Quem tem de fazer discernimento do que é bom ou ruim são os senhores conselheiros de forma autônoma.
Gilberto de Oliveira Freitas, servidor do município há 24 anos e conselheiro representando o Conselho Regional de Enfermagem, reclamou em tom de desabafo.
— O governo passado foi ruim? Foi. Mas o momento que nós estamos passando agora nunca teve, de faltar material. Nunca ninguém precisou comprar termômetro.
Guerra não gostou.
— Estou preocupado com o usuário, não estou preocupado com o espírito de corporativismo. Tenho lado, é o lado do usuário.
E completou que já demitiu servidores e pode abrir novas sindicâncias se necessário.
Constrangimento
Quando chegou no Postão, o prefeito perguntou aos pacientes que aguardavam atendimento se alguém já havia usado a UPA. Uma mulher ergueu a mão. Disse que foi muito bem atendida lá, que parecia "particular". Guerra perguntou, então, como era o atendimento no Postão. Ela respondeu que não era bom.
Foi a deixa para ele dizer que dependia dos conselheiros transformar o Postão em uma nova UPA. Referia-se à necessidade de autorização do Conselho Municipal de Saúde para implementação de gestão compartilhada no Pronto-Atendimento, o que permitirá a implantação do programa UBS+, que pretende deslocar médicos do Postão para as unidades básicas. O projeto ainda será apresentados aos conselheiros em reuniões do órgão.
Após a visita, Guerra conversou com a imprensa e reforçou que o Conselho tem a responsabilidade de garantir que a solução apontada pela prefeitura seja colocada em prática.
— Os conselheiros anteriores não compreenderam a grandeza do programa UBS+ com a gestão compartilhada e não autorizaram a prefeitura a implantar. Se tivessem autorizado, hoje com certeza a população não teria de ir de madrugada pegar ficha para ser atendido na UBS ou não tendo médico para ser atendido. Tudo isso em consequência da falta de sensibilidade dos ex-conselheiros que por questões muito pequenas acabaram negando à prefeitura de levar a solução para a saúde pública.
Outro nome
Antes do tour pelas duas unidades de saúde, Daniel Guerra anunciou que a UPA não será mais UPA Zona Norte, mas "UPA 24 horas de toda a cidade".