O pedido de impeachment do prefeito Daniel Guerra (PRB), protocolado pelo vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu (PSD), apesar de não ter tido rejeição unânime, manteve o ritual: exposição do governo, articulações, conflitos, tensão e muita manifestação da opinião pública, com a maioria demonstrando descontentamento diante da situação política na cidade, predominando o apoio ao prefeito. Claro que o descrédito do vice contribuiu para a denúncia não prosperar.
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Os votos favoráveis de Elói Frizzo (PSB), Adiló Didomenico (PTB), Flavio Cassina (PTB) e Rafael Bueno (PDT) eram favas contadas — a dúvida era Alceu Thomé (PTB), que seguiu o partido. Eles agradam seu eleitorado (ou, pelo menos, a maioria). Nada mais fizeram do que confirmar suas posições em plenário.
A novidade ficou por conta da abstenção de Kiko Girardi, do partido de Fabris, que anunciou que votaria contra e provocou um tsunami ao contrariar o presidente da sigla, Sérgio Augustin. Pressionado, Kiko foi convencido a não votar o pedido. Ficou feio. Argumentou, mas não convenceu.
O partido que acolheu Fabris há dois meses é que absorverá os reflexos diante de tudo o que aconteceu nos últimos dias. A expectativa gira em torno da permanência de Augustin.
Segunda-feira à noite, após o fechamento da edição, Augustin respondeu, via WhatsApp, sobre os rumores de que pediria a expulsão de Kiko, caso ele votasse contra a denúncia. Augustin negou e deu a entender que deve sair. A declaração é forte:
"Não quero prejudicá-lo. Prefiro eu me afastar desta política rasa. Estou organizando, com pessoas sérias, um Movimento (VERDADE!), para fiscalizar as atividades e ações dos políticos da cidade, Executivo e Legislativo", informou.
Ele não atendeu às ligações nesta terça-feira. É nítido que o clima entre Augustin e Kiko, único vereador do PSD, é insustentável.
O que diz Fabris
O vice-prefeito Ricardo Fabris disse que não procede a informação de que ele deixaria o PSD devido ao posicionamento de Kiko. Ele definiu o resultado como um ato político e administrativo da Câmara de Vereadores, legítimo, privativo, coerente e inatacável.
— Entretanto, não invalidou os fundamentos da denúncia que ofereci ou deixou de reconhecer a ilegalidade dos atos apresentados, os quais, dada esta sua natureza e por dever de ofício do requerente, também vice-prefeito, serão oportunamente veiculados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
Fabris ficou surpreso positivamente por não ter sido unânime a rejeição, após o episódio protagonizado por Kiko.