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O número de assassinatos registrados em 2023 em Caxias do Sul motivou uma reunião entre forças de seguranças na manhã desta segunda-feira (16). Desde o início do mês, o maior município da Serra contabiliza nove casos, sendo sete homicídios e dois feminicídios. O total representa mais que o dobro de todo o mês de janeiro do ano passado, quando foram registradas quatro mortes, conforme a ferramenta Contador da Violência do Pioneiro.
O caso mais recente ocorreu na noite de domingo (15). Erik Gonçalves Maciel, 26 anos, morreu ao ser atingido por cinco tiros na Rua Valdemira Raymundi, no bairro Esplanada. Conforme relato de testemunhas à Brigada Militar (BM), Maciel foi surpreendido por três indivíduos encapuzados. Eles estavam em um veículo Siena prata. A vítima chegou a ser levada pelo irmão ao hospital, mas morreu na instituição de saúde. Ainda de acordo com a Polícia Civil, Maciel tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas, dano qualificado, ameaça e porte ilegal de arma de fogo.
A reunião ocorreu na sede da Polícia Civil, com a participação do 12° Batalhão de Polícia Militar (12° BPM), 4º Batalhão de Polícia de Choque, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa e Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco).
Para o delegado Caio Marcio Fernandes, da Delegacia de Homicídios, não há indicativo de avanço da criminalidade ou guerra entre facções. Para ele, tratam-se de casos isolados:
— O que identificamos foi uma confluência de eventos dentro do mesmo período. Uma série de fatos isolados que, por alguma circunstância que foge à possibilidade de prevenção, acabaram ocorrendo neste início de ano. Exemplifico com os dois feminicídios, sendo que um deles foi precedido de estupro na virada de ano. Algo imponderável. Outro caso é de um senhor esfaqueado (Olímpio Itacir Santini, 77 anos), obviamente, que não há nenhum vínculo com facções. Esse senhor não tinha nenhum envolvimento com atividades criminosas. Identificamos o caso como pontual e já temos a investigação avançada — explica Fernandes.
Outro caso com investigação avançada é o de um ataque a tiros na noite de 9 de janeiro, no bairro Charqueadas, que deixou dois mortos: Raquel dos Santos, 48, e Thiago Rodrigues Dutra, 31. Ambos chegaram a ficar hospitalizados, mas não resistiram aos ferimentos. A averiguação da Polícia Civil indica relação com a comercialização de drogas.
O delegado ainda acrescenta que no caso de Maria Celeste Pereira da Rosa, 65, baleada em casa no bairro Fátima, a principal linha de investigação aponta que o crime ocorreu como forma de represália a um outro homicídio ocorrido em Caxias do Sul no ano passado. Fernandes, no entanto, não detalha qual é o caso relacionado, mas afirmou que envolve um familiar de Maria Celeste, que está foragido.
— Nota-se, então, que os casos são autônomos. Não guardam relações entre si — justifica o titular da Delegacia de Homicídios.
O subcomandante do 12º BPM , major Wagner Carvalho dos Santos, diz que a Brigada Militar mapeou o local dos crimes e trocou informações com os setores de inteligência para tentar identificar os autores dos crimes.
— Não temos essa informação concreta de que há uma guerra declarada (entre facções). O que temos é que (a maior parte) destas pessoas têm alguma vinculação com o crime, em especial com entorpecentes. A Brigada está saturando estes locais, abordando e identificando (as pessoas). E a Susepe está fazendo suas ações, o que auxilia nas investigações — aponta o major.