Três anos após a discussão por som alto que terminou com uma morte no bairro Villa Lobos, em Caxias do Sul, os réus Cristiano Pereira de Almeida, 30 anos, e Paulo Pires de Moraes, 32, são julgados pelo Tribunal do Júri. Em interrogatório, Almeida confessou ter matado o mecânico Bruno Ribeiro Souza, 20, mas alegou ter atirado em legítima defesa.
O júri iniciou às 9h30min desta quarta-feira (24) e seis testemunhas são ouvidas nesta manhã. Na sequência, acontecerão os interrogatórios dos réus e depois serão iniciados os debates. A previsão inicial é de que a sentença seja proferida à noite.
Junto ao homicídio qualificado, Almeida também é acusado por fraude processual, pois, segundo o Ministério Público (MP), ele arremessou pedras no telhado de sua residência e quebrou garrafas, espalhando os cacos pelo local, para legitimar sua tese de legítima defesa. Conforme a denúncia do MP, por volta das 4h do dia 26 de maio de 2019, Almeida invadiu uma residência vizinha na Rua das Esmeraldas e agrediu um morador, que promovia um jantar com amigos. O acusado reclamou da música alta e teria deixado a residência ameaçando voltar e "matar todo mundo".
A confraternização foi encerrada e, quando os convidados buscavam seus carros na rua, Almeida apareceu acompanhado de Moraes, ambos armados. Conforme o MP, eles agrediram diversas pessoas e, depois, Almeida atirou contra Souza, um dos convidados do jantar. Ele foi atingido na cabeça e morreu.
A promotoria defende que o homicídio foi praticado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima. Almeida foi preso preventivamente no dia 17 de julho de 2019 e segue no sistema penitenciário. Já Moraes está recolhido desde 4 de fevereiro de 2020.
Diante do juiz, Almeida afirmou que agiu em legítima defesa. Disse que foi até a casa vizinha reclamar do som alto e que houve uma briga. Nisso, ele pegou uma enxada para se defender. Voltou para casa, pediu para a esposa ligar para a polícia e saiu para dar uma volta na quadra. Quando retornou, Almeida alega que encontrou diversas pessoas em frente da sua casa, atirando pedras e garrafas contra a residência. Ele afirma que atirou para se defende, mas que não tinha a intenção de matar ninguém. Almeida também declarou que o outro réu, Moraes, não estava com ele no momento da briga.
Em juízo, Moraes negou participação no crime e declarou que só soube da briga no dia seguinte. Ele admitiu que estava com uma arma de fogo no momento de sua prisão.