A não aceitação do término de um relacionamento levou ao duplo homicídio ocorrido no Santa Fé, em Caxias do Sul, em dezembro de 2018. O inquérito policial foi concluído nesta semana e aponta que Francisco Silveira dos Santos, 41 anos, e Adilson Alves do Prado, 42, foram mortos apenas porque estavam no local errado. Os verdadeiros alvos do ataque seriam a ex-companheira e o pai dela. A investigação levou a decretação da prisão preventiva nesta terça-feira (6) de Leonardo de Oliveira Mendes, 29, conhecido como Sequinho, apontado como mandante da execução, além de Júlio César Borges Ramos, 22, e Rodrigo dos Santos Teles, 20, reconhecidos como autores dos tiros. Os três já estavam recolhidos no sistema penitenciário por outros crimes.
O duplo homicídio aconteceu em frente a uma oficina de bicicletas na Rua dos Canários, bairro Santa Fé, na madrugada do dia 4 de dezembro. Na época, Mendes estava preso e, segundo a Polícia Civil, acionou dois membros da mesma facção para matarem a ex-companheira dele ou o pai dela. A família morava ao lado desta oficina.
— O mandante há algum tempo ameaçava a ex-companheira e sua família, porque não aceitava o término do relacionamento. Como não encontraram (os alvos), mataram estes dois homens que estavam na rua. Um deles é o tio da ex-companheira. O outro não tinha relação, morreu apenas por estar ali junto — aponta o delegado Rodrigo Kegler Duarte, da Delegacia de Homicídios.
Mendes possui uma extensa ficha criminal por tráfico de drogas, receptação, associação criminosa e tentativa de homicídio. Ele está preso desde março de 2016, o que, segundo a Polícia Civil, não o impediu de ameaçar e ordenar o homicídio da ex-companheira. Para o delegado Duarte, esta é uma situação normal diante da incapacidade do estado em inibir a entrada de celulares na cadeia.
O trio foi indiciado por duplo homicídio qualificado por recursos que dificultou a defesa da vítima. O inquérito policial foi remetido ao Poder Judiciário nesta semana e está para avaliação do Ministério Público (MP).
Perícia comprovou uso de pistola em três mortes
Além do relato de testemunhas, uma prova decisiva para a prisão dos três envolvidos foi a apreensão da arma utilizada no assassinato. A pistola .40, que é um calibre de uso restrito, foi encontrada pela Brigada Militar no dia 28 de dezembro durante um flagrante de tráfico de drogas no bairro Santa Catarina. Na ocasião, Ramos foi preso junto com a namorada e permanece recolhido no sistema penitenciário.
A pistola foi encaminhada para comparação balística no Instituto Geral de Perícias (IGP), em Porto Alegre, que comprovou sua utilização no duplo homicídio e também no assassinato Diego Trindade Schultz, 31, no bairro Panazzolo, no dia 22 de dezembro. Por este crime, Ramos foi indiciado junto com Vinícius de Souza, 25, que também está recolhido no sistema penitenciário.