
Dois anos após o assassinato do sargento Edir Hendges Welter, da Brigada Militar em Caxias do Sul, dois denunciados foram condenados por latrocínio (roubo com morte), enquanto um terceiro aguarda preso a fase final de seu processo. Ismael Filipe Oliveira Ramos, 28 anos, e Willian de Assis, 21, foram sentenciados a 26 anos e 20 anos de reclusão, respectivamente. A pena de Ramos é maior em razão dele ser reincidente. Ainda cabe apelação da decisão, contudo, em razão da gravidade do crime, o magistrado decidiu que ambos os réus devem aguardar o prazo recursal no sistema penitenciário. Ramos está recolhido na Penitenciária Estadual na localidade do Apanhador, enquanto Assis está preso em Joinville (SC), para onde foi transferido em outubro passado.
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A decisão foi proferida no dia 11 de dezembro de 2018 pelo juiz João Paulo Bernstein, da 4ª Vara Criminal. Primo de Assis e também reconhecido na cena do crime, Rafael Antunes, 22, segue respondendo pelo crime. A cisão dos processos ocorreu por Antunes estar foragido na época da citação. O processo está em fase de alegações finais e Antunes segue recolhido preventivamente na penitenciária do Apanhador.
Os três denunciados foram reconhecidos pela mulher do sargento Welter, que estava presente no momento do crime. Em seu depoimento, ela afirma que os primos foram os dois assaltantes que a renderam no lado do caroneiro, enquanto Ramos foi apontado como autor do tiro que matou o brigadiano.

A mulher não citou Éder Martins Leite, conhecido como Bigola, suspeito que foi morto em um confronto no dia seguinte ao latrocínio durante uma ação da BM no bairro Cidade Industrial. Em sua investigação, a Polícia Civil apontou Bigola como participante do assassinato do brigadiano.
Relembre o crime:
:: Na noite de 23 de janeiro de 2017, o sargento Welter e a mulher estacionaram um Fiesta na Rua Moreira César para ela comprar água em um food truck. Por volta das 22h45min, três homens armados cercaram o carro e surpreenderam o casal.
:: Um dos assaltantes obrigou Welter a desembarcar, enquanto outros dois criminosos foram até a porta do carona. Como o veículo tem travas automáticas, a mulher demorou para abrir e os criminosos gritavam para pressioná-la.
:: Em depoimento, a mulher de Welter contou que viu que a arma do marido ficou no carro quando ele foi rendido e a escondeu embaixo da blusa. Quando foi puxada para fora do automóvel, a arma caiu no chão e os assaltantes que a rendiam gritaram “Tem uma arma! Tem uma arma!”. Os gritos foram seguidos por estampidos de tiro.
:: Na época da investigação, a Polícia Civil acreditava que, no intuito de proteger a mulher, Welter teria se abaixado e se jogado contra a cintura do criminoso que o rendia. Esse movimento explicaria por que o tiro que o matou entrou pelo ombro e seguiu em direção ao coração.
:: Imagens de câmeras de monitoramento, divulgadas pela BM, mostram três homens fugindo e embarcando em um Civic, que estava parado na Rua Moreira César, a poucos metros do local do crime.
:: No dia seguinte ao crime, informações da Polícia Civil levaram a BM até o Cidade Industrial. No bairro, moradores denunciaram uma casa que seria de um foragido. Ao perceber a aproximação policial, Bigola, que estava armado e com um colete balístico, tentou fugir e foi cercado. Houve troca de tiros e o criminoso morreu no local.
:: No dia 25 de janeiro, a BM apresentou dois novos suspeitos da morte de Welter e uma nova versão para o crime. A ação foi resultado das buscas pelo Civic prata utilizado no assalto. Em uma casa na Vila Ipiranga, familiares confirmaram que os primos Antunes e Assis saíram com um Civic naquela noite e não retornaram. Os dois foram presos na casa de um parente em Nova Pádua.