Celso Luiz Turella, 54 anos, sempre foi do trabalho e do estudo. Conseguiu o primeiro emprego aos nove anos numa fábrica de móveis de Caxias, época em que o uso de mão de obra infantil não soava tão abominável como hoje. Cursou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), formou-se em Administração e Direito e quase concluiu a faculdade de Engenharia. Foi gestor numa metalúrgica e depois assumiu a gerência de uma fábrica de colchões. Tudo isso, até os 42 anos, quando decidiu dar um novo rumo na carreira e se inscrever num concurso para policial rodoviário federal, com incentivo da esposa Maria Aparecida, a profe Cida.
— Admirava a PRF (Polícia Rodoviária Federal), mas não sabia o que significava — admite Turella.
Mais velho na turma de formação e pai de dois filhos, ele sentiu que entrar para a polícia era mais do que uma nova profissão, era um recomeço de vida. O desafio foi superado e hoje ele é um dos policiais com destaque na corporação em Caxias. Além de atuar na prevenção em estradas, faz palestras educativas em escolas e entidades. Afirma, porém, que ainda não aprendeu a conter a emoção com vidas perdidas em acidentes, ainda mais se os casos envolvem crianças. Certamente, Turella nunca aprenderá.
— Quem quer ingressar nesse ramo, precisa ter um equilíbrio emocional muito grande — enfatiza.
Por outro lado, Turella acredita que chegou o momento de rever qual é o papel das polícias numa sociedade tão violenta.
— É a hora de rever a forma como vendemos nossa imagem. Não vejo saída se não houver uma cooperação mútua com os setores da sociedade, caso contrário, a polícia jamais vai vencer a criminalidade sozinha.