
Neste domingo, a investigação sobre o desaparecimento de Naiara Soares Gomes, 7 anos, teve que recomeçar do ponto inicial em Caxias do Sul. Isso porque o primo da menina admitiu que mentiu quando disse que tinha ido com a criança até a Escola Municipal Renato João Cesa, no bairro São Caetano, onde ambos estudam. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) conduz o caso.
Naiara está sumida desde a manhã da última sexta-feira. Ela saiu da casa onde mora com os tios paternos, irmãos e primos, na Rua Vesúvio, no loteamento Monte Carmelo, para ir à escola, onde cursa o segundo ano do Ensino Fundamental. Porém, não chegou ao colégio e não foi mais vista.
A última pessoa a ver Naiara foi um primo de 15 anos que estuda na mesma instituição que ela. Inicialmente, ele havia dito que tinha acompanhado a menina até a escola. Contudo, no domingo, admitiu que levou-a por uma quadra apenas distante da casa. Depois, segundo o primo, eles se separaram. Ele foi por outro caminho e ela seguiu sozinha em direção à escola que fica a meia hora de caminhada. Ela nunca chegou ao destino nem voltou para casa.
À família, chegaram informações extraoficiais de que Naiara teria sido vista em frente a escola entrando em um carro branco. Mas, até o final da tarde deste domingo, isso não havia sido confirmado pela polícia. Os familiares fizeram cartazes com a foto de Nayara e afixaram em pontos espalhados no centro da cidade com um telefone de contato. A tia, Maria de Lourdes Gomes, 45 anos, que cuida da menina e dois irmãos dela – de 10 e 9 anos – postou um vídeo nas redes sociais que é um apelo a quem tiver alguma pista sobre o paradeiro da criança. A família recebeu a reportagem na tarde deste domingo e a tia repetiu o pedido:
– Queria pedir para quem estivesse com ela que tivesse um pouco de compaixão e devolvesse ela para nós.
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Maria de Lourdes é irmã do pai de Naiara, que morreu há cerca de cinco anos. As crianças moravam com a mãe, que tem outros cinco filhos, em Vacaria, em situação de vulnerabilidade social. Há três anos, Naiara e o casal de irmãos vieram viver com a tia paterna em Caxias. Até o final do ano passado, a família conseguia pagar uma van para deixar a menina na escola. Mas, sem emprego e com dificuldades financeiras, a família precisou cortar o transporte e os primos passaram a ir a pé. As outras crianças estudam em outra escola, mais perto da casa, e onde a tia disse que aguardava vaga para Naiara. De acordo com a família, Naiara sabia chegar sozinha à escola. Por isso, eles não consideram a possibilidade de ela ter se perdido.
– Onde nos dizem que ela passou ou estava, a gente vai – disse a tia emocionada.

O delegado Caio Márcio Fernandes, titular da DPCA, diz que são várias as linhas de investigação, mas prefere não dar detalhes para atrapalhar o trabalho. Ele diz, ainda, que policiais civis de Vacaria localizaram a mãe e foi descartada a possibilidade de a menina estar com ela. A polícia tenta conseguir imagens de câmeras de estabelecimentos que fiquem no trajeto que Nayara teria feito de casa ao colégio para ver em que momento ela desaparece. As cenas da escola já estão sendo analisadas pela equipe da DPCA.
– Não descartamos nenhuma hipótese. Com base em fatos concretos, vamos intensificando uma linha de investigação ou descartando-a – disse o delegado.
Em outubro do ano passado, uma menina de 9 anos foi levada por um criminoso quando ia para escola em Caxias. Ela reapareceu duas horas depois. A criança estava sozinha e foi abordada a poucos metros do colégio. O criminoso estava de um carro, parou ao lado da menina, e disse que tinha um presente para ela. A criança, que não conhecia o agressor, aceitou entrar no veículo. Dali, foi levada até a casa do criminoso, onde sofreu abuso, e liberada numa localidade do município. A polícia não estabelece relação entre os casos, mas não descarta nenhuma possibilidade.
Ao sair de casa, na última sexta, Naiara vestia camiseta rosa com desenho de uma boneca, blusa rosa com branco, e calça rosa. Ela carregava uma mochila nas cores rosa e roxo. É magra e tem em torno de 1m20cm de altura. O cabelo é escuro e está cortado na altura dos ombros.
Quem tiver informações consistentes que possam ajudar a polícia, deve ligar para o 190, da Brigada Militar, para o 197, da Polícia Civil, para o (54) 3238 7700, da Central de Polícia (24 horas) ou (54) 3214 2014, da DPCA, em horário comercial.