Enquanto o superlotado e falido sistema carcerário brasileiro é alvo de críticas e aumenta o coro pela implementação da pena de morte no país, cresce também um movimento alternativo: o fortalecimento de políticas que promovem a justiça restaurativa por meio dos denominados círculos de paz.
Um dos métodos de maior efetividade do segmento, denominado de escola do perdão e reconciliação, está sendo apresentado em Caxias do Sul nesta quarta, no auditório do Bloco H da UCS. O evento, que iniciou à 9h, prossegue até às 17h.
A painelista é a educadora Imelda Maria Jacoby. Formada em Filosofia, Teologia, Espiritualidade e Fundamentos, ela é defensora do atendimento que visa instigar o auto-conhecimento de presidiários. A metodologia consiste na capacitação, em especial de pastorais carcerárias e agentes penitenciários, para auxiliar detentos a encontrarem a origem da violência nas próprias vidas e a partir disso promover a reflexão.
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Segundo ela, o método começou a ser aplicado em Bogotá, na Colômbia, e é executado há relativamente pouco tempo no Rio Grande do Sul. Ainda assim, os resultados têm sido bastante satisfatórios, ressalta ela:
– Acreditamos, sim, na mudança. Hoje, as condições do cárcere e a justiça punitiva de nenhuma forma recuperam, pelo contrário, só aumentam o grau de violência e revolta daquela pessoa que ficou enclausurada.
Imelda relata que já foram capacitados agentes de Porto Alegre, Passo Fundo e Caxias, porém, em número insuficiente para cobrir a situação prisional.
– É um trabalho de "formiguinha" mas realmente notamos mudanças significativas. Muitos dos presos nos comentam que se tivessem recebido isso antes, a situação poderia ter sido diferente. Precisamos ampliar esse trabalho, começar mais cedo.
Sobre a expansão da linha de pensamento favorável a penalizações mais severas e sistematização penal mais rigorosa, ela comenta que esse posicionamento simboliza a própria violência intrínseca na sociedade.
– É justamente a autorreflexão no sentido de compreendermos a violência dentro de cada um e localizarmos a origem disso para contermos os ciclos de violência. Notamos também que mesmo quem é defensor da pena de morte e dos argumentos como "bandido bom é bandido morto" se convence do nosso método quando entende ele.