No bairro São Roque, em Bento Gonçalves, vivem 15 famílias indígenas em um terreno cedido pela prefeitura. Há casas construídas com madeira, mas há também cobertura de lonas. Para os índios, a venda de produtos artesanais continua sendo a principal atividade econômica na aldeia. Em época de safra da uva, alguns trabalham em vinícolas da região. O próprio cacique da aldeia, Nelinho Paulo, atua na agricultura. As informações são da Gaúcha Serra.
– Faz oitos anos que eu trabalho na safra. Todos os anos meu patrão me chama para trabalhar. Então eu ganho um dinheiro a mais – conta.
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Há também muitos índios que saem da reserva em busca de trabalho na indústria. Jonas é funcionário de uma fábrica de embalagens plásticas em Caxias do Sul. Ele saiu de Tenente Portela, no Norte do Estado, para estudar e trabalhar. Vai se formar como técnico de automação residencial em junho e está comprando a casa própria.
– Trabalhar na agricultura não rendia muito. Então, eu foquei em buscar algo melhor, como a indústria e comércio. Porque, onde eu morava, não tinha muito disso – afirma Jonas.
O perfil do trabalhador indígena é elogiado por quem contrata. Cassiana Scain Relosi é gerente administrativa da empresa em que Jonas trabalha.
– Para o nosso trabalho isso é muito importante: ter calma e paciência na máquina para poder fazer as peças – aponta.
A formação escolar também atrai indígenas de outras regiões. Zaine Bento de Freitas saiu de uma reserva no Norte do Estado depois de concluir o Ensino Médio. Na Serra, virou técnica em enfermagem. Nesta semana, voltou para a aldeia de origem para exercer a profissão.
Moradora da aldeia de Farroupilha, Lisiane Ribeiro pretende ser professora.
– Desde pequena eu já aperfeiçoei a língua caingangue. Eu vou começar o magistério indígena nesse ano, mas eu já trabalho na escola da aldeia – conta.
Na aldeia, funciona uma escola com diferentes séries do 1º ao 5º ano, na mesma sala de aula. A coordenadora pedagógica da rede estadual, Ivanete Rocha Miranda, afirma que o acompanhamento da escola precisa ser constante, porque muitas crianças faltam aula.
– É uma escola só, porque só temos uma na região. E temos feito as visitas in loco, porque a gente percebe, que em alguns momentos, as crianças faltam aulas e nós precisamos, no mínimo, 75% de presença – explica.
A professora nomeada pelo Estado para trabalhar na aldeia também é moradora da comunidade. O conteúdo ensinado por Orilde Ribeiro é diferente da escola regular porque destaca a cultura caingangue.
– É um trabalho muito gracioso de estar com as crianças, porque as que nasceram aqui não conhecem a comida típica, as ervas medicinais...